EL BOSQUE DE PESADILLAS Y MUERTE — CLTS 13
by: Johnathan King
Servilha — Espanha
O sol estava sumindo quando Edgar chegou ao topo da colina. As vertentes estavam douradas de um lado e cinzentas do outro. A neblina cobria a linha do horizonte. Em meia a ela surgiam as formas fantásticas de uma floresta bela e assustadora ao mesmo tempo. Em toda aquela área não havia som ou movimento. Parecia que Edgar era o único ser vivo entre o grande arco do céu e a floresta a sua frente. O cenário desolador, a sensação de solidão, mais o mistério que o lugar carregava fizeram o coração do rapaz gelar.
Dentro da floresta, o vento parecia uivar, e os galhos das árvores chacoalhavam de maneira assustadora. Lá fora o sol se punha, e o oeste brilhava em chamas vermelhas e douradas. Tudo parecia suave e tranquilo à luz do entardecer. O sol se pusera e a escuridão tomou conta da floresta. Umas poucas estrelas pálidas tremeluziam no céu azul escuro com uma meia lua entre nuvens.
Um grito terrível, um brado prolongado de horror e angústia rompeu o silêncio da floresta. O grito soara alto por sua força, e o eco vinha de todos os lugares. Mas agora soava mais próximo, mais alto e mais urgente. Pendurado por uma corda no pescoço em um galho de árvore, Edgar se debatia desesperadamente, na inútil tentava de se livrar daquela morte cruel em forma de laço. A agonia de seus membros retorcidos de dor faziam as lágrimas escorrerem por seu rosto e caírem no chão.
No entanto, as suas forças estavam se esvaindo lentamente, e os seus olhos iam perdendo o brilho da vida pouco a pouco. Um vento gelado penetrou o quarto, despertando Edgar para a realidade, no exato momento em a porta rangeu e a maçaneta girou, e um enfermeiro com uma bandeja de madicamentos entrou no cômodo. O homem era troncudo e escuro, vestido com um jaleco branco, com pernas longas e ombros largos, o enfermeiro tinha a postura de um boi raivoso.
Edgar estava sentado na cama, seu olhar era assustado e perdido. Ele era um jovem magro e amarelo, cabelos desgrenhados cor de chocolate e aparência de adolescente, embora já fosse um homem de vinte e poucos anos. O rapaz se encontrava banhado de suor e sua respiração estava ofegante. O enfermeiro falava algo, mas Edgar não conseguia ouvi-lo. Ele se encontrava em um estado de dormência, que logo foi quebrado com um forte tapa no rosto.
O enfermeiro grandalhão entregou um copo de água com alguns comprimidos para Edgar, que engoliu os mesmos meio a contra gosto. O homem saiu e trancou a porta.
Edgar voltou a deitar e ficou mirando o teto branco do quarto, até que foi vencido pelo efeito da medicação e adormeceu novamente. Pela manhã, Edgar se levantou da cama com dificuldade, seus olhos tentavam se acostumar com a claridade do dia. Ele foi andando lentamente até a janela do quarto e ficou encarando uma floresta que ficava nos fundos do hospital psiquiátrico onde ele se encontrava internado.
À porta abriu e o enfermeiro grandalhão entrou. Ele pegou Edgar pelo braço e o levou até o banheiro que ficava no final de um longo corredor. Lá, ele ligou o chuveiro e jogou Edgar debaixo d'água com roupa e tudo. O rapaz apenas ficou olhando a água caindo, meio que hipnotizado, enquanto o homem de pé ao lado bufava de raiva por ter que cuidar de gente como Edgar todos os dias.
Após o banho, o rapaz foi conduzido outra vez para o seu quarto, trocou de roupa e depois tomou café em silêncio, sempre olhando pela janela a floresta, e ficava fascinado com os galhos das árvores e como eles projetavam sombras sinistras, que se movimentavam em todas as direções, parecendo braços desesperadas tentando alcançar alguma coisa.
As folhas secas caídas no chão, formavam um tapete marrom escuro. Edgar ficou encarando o seu reflexo no vidro da janela, estendeu os braços e viu as várias cicatrizes no pulso, e como numa espécie de retrocesso o jovem veio a rememorar as inúmeras vezes que atentou contra a própria vida. Os seus olhos ficaram úmidos e ele caiu na cama totalmente desolado.
Nesse momento o rapaz ouviu uma voz de mulher chamando por ele e ficou alerta. Edgar então se levantou e foi até a janela, e lá ele viu a figura de uma jovem mulher na entrada da floresta. Ela o estava chamando para ir com ela para dentro da floresta. Edgar não entendia o que estava acontecendo e temia ficar encarando aquela garota que ele nunca tinha visto na vida, e por alguns momentos pensou estar tento alguma espécie de alucinação. Ele não conseguia desviar o olhar da direção onde a garota estava, era como se fosse uma espécie de um imã que ligava os dois de uma maneira inexplicável.
Vencido pela curiosidade, Edgar aproveitou o momento do seu banho de sol para escapar da clínica e ir ao encontro da misteriosa garota. Chegando lá, ela havia desaparecido, deixando o mistério ainda mais perturbador. Edgar não pensou duas e entrou na floresta, se aventurando por um lugar desconhecido e cheio de perigos, mas que de alguma forma era algo muito familiar para ele.
Era a floresta dos seus pesadelos.
A misteriosa garota estava parada no centro da floresta, ela era branca quase beirando a transparência, e seus lábios eram igualmente pálidos. Os seus cabelos eram amarelos e ralos, e os seus olhos eram de negros e assustadores. Edgar começou a caminhar na direção onde a garota de forma involuntária, como se uma força invisível o estivesse controlando.
À medida em que o rapaz ia se aproximando, a misteriosa garota ia ficando mais distante, como se estivesse sendo levada por uma esteira invisível. De repente, Edgar parou subitamente ao perceber que ela havia desaparecido no meio de uma densa névoa que estava envolvendo tudo ao seu redor. Edgar se virou para deixar o lugar, quando se deparou com a garota parada na sua frente. Ela era ainda mais pálida vista de perto. Edgar não conseguia expressar qualquer tipo de reação, de repente, seu corpo ficou paralisado num momento eterno. A garota apenas sorria. Ela começou a caminhar na direção de Edgar e parou na sua frente, os lábios dos dois ficaram próximos demais, e seus olhares se cruzaram num misto de agonia, desespero e desejo.
Eles se beijaram!
Os lábios da garota além de pálidos, também eram gelados como uma noite de tempestade. De repente, a imagem da garota se transformou de um anjo pálido para um demônio sinistro, que deixou Edgar petrificado de medo e horror. O seu rosto virou o de uma caveira horrenda e os seus olhos eram agora dois buracos profundos e sem expressão. Um manto negro a envolvia da cabeça aos pés, e em sua mão direita a criatura nefasta empunhava uma foice.
A visão era tão chocante que Edgar não podia acreditar no que os seus olhos estavam vendo. Era muito bizarro para ser real. Edgar teve a certeza de que aquela garota era a morte. E ele tremeu de horror. A criatura empunhou sua foice e tudo aconteceu tão rápido, quanto um piscar de olhos. Edgar não teve nem tempo de sentir quando a folha de aço fria e mortal penetrou o seu peito, despontando nas costas. Depois, os pensamentos se misturaram num turbilhão de acontecimentos, e ele viu sua vida passar diante de seus olhos numa fração de segundos - rememorou sentimentos, situações, lugares. E de repente, tudo se apagou.
À porta do quarto se abriu e Edgar entrou. Ele usava um jaleco branco e carregava uma bandeja de madicamentos. Ele chamou por seu paciente, um homem negro e grande. Esse estava parado na janela olhando para a floresta..
FIM
Tema: HOSPITAIS