Love Hungry man
Coisas amargas testam nossos sentidos como outras parecem incapazes. Uma narrativa com esta sugestão nos conduz por um arabesco de tentativas que acabam por nos fazer parte da trama tecida por fios de um material sem registro. Assim, garanto, foi (o verbo no passado reflete minha ignorância sobre o devir) que Lino experimentou.
Como me é dada a convicção?
Num momento de loquacidade, poucos dias antes da loucura bruta opugnar-lhe, narrou-me o capítulo do destino assombrado que lhe embargou aquele lado da humanidade que gostamos crer uma nódoa de Deus.
Via-se imiscuído na resolução de aliviar o sofrimento dos sofredores. De devolver a esperança aos que dela haviam se afogado quando quem amavam eram reclamados pelo além. Sua qualidade em ciências médicas, de onde um gênio podia reconhecê-lo um igual, edificou aquela via só permitida aos pés dos visionários. E, não demorou , o impensável (aos ordinários de espírito) fez-se. E, fez-se em companhia o horror escondido em projetos extraordinários.
Lino não tinha hipertrofia moral suficiente para amparar-lhe as conseqüências. Que agora andava, queria e ia atrás de suas inclinações. Do espírito e da carne. Costurada.