Não estamos sozinhos pt2
Acordei aquela manhã mais cedo do que gostaria, mas pelo desafio, não fiquei de mau humor. A curiosidade me motivava a ir atrás da história que ele tinha para me oferecer.
Fui até o lago no horário marcado, mas para minha surpresa, não havia ninguém.
Acendi o meu cigarro e fiquei olhando para o lago e, distraído, me esqueci por um momento o que estava esperando.
Passavam-se de trinta minutos e não apareceu ninguém. Imaginei que aquele pobre diabo sequer sabia como me provar o que me afirmara na noite anterior e que a vergonha não lhe permitiu vir a meu encontro.
Decidi voltar, um pouco decepcionado por não saciar minha curiosidade, mas com a sensação boa de ter ganhado uma discussão.
Ao passar próximo ao bar notei que havia uma grande movimentação. Lucas estava próximo com sua equipe e haviam carros de bombeiros e ambulâncias em volta.
Fui me aproximando do lugar com receio do que pudesse estar acontecendo e senti um aperto no peito como se já estivesse esperando pelo pior.
Ao chegar perto do bar, um vento leve soprou contra meu rosto e senti um arrepio como se alguém passasse por mim, mas não havia ninguém ao meu lado. Aquilo me chamou atenção porque nunca havia sentido algo assim.
Quando voltei a mim eu estava parado em frente ao bar, mas eu já não estava mais com o aperto, minha sensação agora era de aceitação.
Me direcionei a Lucas para saber o que houve:
-Um incêndio ocorreu ontem poucas horas depois de sairmos. Parece que haviam fios desencapados no ar condicionado.
-Mas alguém… Se feriu ?
-Kyle, o dono do bar… Ele desmaiou pelo excesso de fumaça que inalou e… O legista supôs que fosse asfixia, mas só saberemos com certeza após o laudo.
A coincidência me fez duvidar de meu ceticismo. Como pode a vida me trazer uma ironia tão grande?
Meus pensamentos foram interrompidos por uma senhora que se aproximou:
-Senhor Robert?
-Sim, a senhora é?
-Mary Ann, esposa… Viúva de Kyle. Meu esposo me procurou ontem após sua saída do bar. Me parecia nervoso e me entregou um bilhete dizendo que, caso lhe acontecesse algo eu deveria te entregar.
Obrigado. Meus sentimentos.
Decidi não ler o bilhete naquele momento em sinal de respeito àquela pobre senhora.
Chegando em casa ainda um pouco abobalhado, sentei em meu sofá com um copo de conhaque e abri o bilhete
“Para ter sua prova, vá até a casa da praia. Cuidado com o que vê e ouve e nunca se esqueça: Não estamos sozinhos”.