Não estamos sozinhos pt1

Há pouco mais de quatro anos me mudei para a cidade de Screep a convite de meu amigo.

Jornalista pouco expressivo em minha cidade, decidi aceitar o convite após o divórcio. Lucas achava que seria um bom lugar para eu recomeçar.

O lugar é pequeno e cheio de histórias e superstições. No princípio me incomodava um pouco, mas depois confesso que passei a achar divertido.

Consegui uma coluna pequena no jornal local por indicação de Lucas, mas não escrevia nada de interessante, apenas notícias locais.

Todas as pessoas que eu entrevistava tinham uma “história” por trás das minhas notícias. Se um carro batesse, com certeza havia algo sobrenatural por trás daquilo.

Minha coluna não era muito interessante, então decidi que eu iria publicar os relatos exatamente como me eram passados. Sem fatos, somente o que diziam.

Para minha surpresa os locais adoraram a ideia e passaram a me procurar cada vez mais para contar seus relatos.

Fiquei feliz com o reconhecimento. Apesar de não acreditar no que me diziam, achava gratificante saber que as pessoas viam em mim uma voz para serem ouvidos.

Com o passar dos meses minha coluna foi crescendo e eu passei a ser cada vez mais reconhecido.

Até que houve uma parada no jornal devido ao desaparecimento da filha mais nova de Jhon May, o dono do jornal.

Any havia ido à praia no fim de semana com suas amigas para comemorar o ingresso à faculdade. Ninguém que estava no local sabia dizer o horário nem com quem Any estava quando desapareceu e a Polícia não tinha nenhum ponto de partida.

Após alguns dias de recesso Jhon decidiu que deveríamos voltar às nossas atividades. E assim fizemos.

Naquela sexta feira estava com Lucas no bar local tomando umas cervejas e jogando conversa fora. Ao passar das horas e algumas cervejas depois, começamos a criar teorias sobre o desaparecimento de Any.

O dono do bar dava risada de tudo o que dizíamos até que eu decidi confrontá-lo:

-Tem uma teoria ?

-Você é Robert Dinn não é? O do jornal ?

-Sim, sua teoria sobre o desaparecimento seria “sobrenatural” ?

-Você não acredita não é? Me encontre amanhã às sete na frente do lago e eu lhe darei uma prova.

Paguei a minha conta e voltei para casa absolutamente contrariado. Quem ele pensa que é? Falar comigo daquele jeito! Ele até pode achar que o sobrenatural existe, mas me provar? Mal podia esperar!

Acho que bebi de mais essa noite. Quando estava deitado juro ter ouvido uma voz feminina sussurrando em meu ouvido:

“Não estamos sozinhos”

Ka Dionisio
Enviado por Ka Dionisio em 23/11/2020
Código do texto: T7118323
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