Pois, haveremos de ser. Todos.

Era tudo redundância na vida da senhorita Adelaide. Um pleonasmo de inclinações em direção ao píncaro do ordinário. Aquele que afunda em nossa existência como o caco de vidro na carne tenra da sola de nossos pés imundos, ainda que nem lavados e hidratados com o mais régio dos cremes para.

Até, pois tudo nesta vida breve, efêmera como o amor que juramos ao infinito, é "até", que deu as pestanas em Vargas. Espadaúdo, cabelos negros, brilhantes pela goma minuciosamente espalhada, de estatura viril e com aquele cenho que denota, e conota, homem já pronto para o que se espera e ainda ignora.

Adelaide tropeçou no ardor figadal que só os ardores figadais entendem as tramas e deu com as fuças nas paixões que arrancam, pela tez, o espírito cosido pela loucura própria da própria loucura . Adelaide não prestava outro serviço a não ser o de imacular cada vislumbre de pensar que lhe vazava a cabeça obsedada por Vargas. Homenzarrão com todos os superlativos da gramática biológica.

Adelaide chegou no crepúsculo. A noite avizinhava. Bateu a porta de Vargas. Vargas, com aquelas consoantes a vazar sugestões. Como não respondia, abriu a porta de Vargas. Da casa, digo. Entrou. Como flanasse, constipada de euforia, sussurrou: Vargas??

Na cozinha, Vargas, nu, com o frango pelado, prometido para o jantar, inoculava seu falo na cloaca rósea da ave insepulta.

Adelaide encapsulou o grito. Os olhos saltaram.

Vargas, de soslaio, ordenou:

Vá daqui, Adelaide. Isto são horas? Volte na combinada. Ainda tenho muito tempero para este pobre.