Caos - of Cthulhu?
Já era final da tarde, de um dia inteiro no circo, Lucas, Otávio, Juan e Matheus, ainda queriam ir em mais brinquedos possíveis, era o penúltimo dia, mas amanhã de manhã eles precisavam treinar, antes do interclasse com a turma.
-Cara, só mais três e a gente já desce, ta bom? - diz Otávio para Juan, que já estava bem cansado
-Mais três!? Cara eu to com sono e a gente precisa acordar cedo! - diz Juan
-Se você quiser ir! - diz Lucas - sabe o caminho né?
-Vem comigo Otávio?
-Man, você é que quer ir! - diz Otávio franzindo a testa - Espera o Mathy voltar pra ver se ela vai conti...
-Não, tudo bem! - interrompeu Juan - Eu já vou indo - e foi andando em direção à tenda de entrada
-Eu devia ir com ele? - Perguntou Otávio a Lucas
-Ele é um pé no saco, deixa ele ir
-Então, bora? - vinha uma voz no fundo - Cadê o Juan? - perguntou Matheus
-Já foi, pegou quantos? - pegando os bilhetes da mão de Mathy
-Uns dez pra cada - respondeu o garoto
Estava frio e como era o fim da tarde, o por do sol não ia demorar, o circo armara as barracas no espaço de eventos nos rochedos da praia e ao longe no horizonte, se via o lindo sol alaranjado encostando nas águas, tingindo-as de fogo. Juan, encostado na cerca da encosta assistia a cena, estava perto da tenda de madame Misty que dissera a ele que o seu maior segredo estava haver com o amor, ela estava certa sobre isso, mas não entendeu a parte dos terremotos se aproximam.
Agora só o que se via no horizonte era o brilho tênue dos raios solares, olhou para as ondas e decidiu finalmente ir. Se aproximando da tenda de entrada, uma figura grande e cartunesca lhe chamou a atenção, era um palhaço, não era como os tantos outros que havia visto o dia todo, mas era maior e seu sorriso era acolhedor e ao mesmo tempo assustador. Olhava para figura distraidamente, quando esbarrou numa moça que entrava, virou-se e pediu desculpas, mas quando virou de volta, não viu mais palhaço algum. Uma vertigem lhe percorreu os olhos, caminhava olhando para o chão de terra, tentando cruzar a entrada rapidamente, até que a sombra da tenda apareceu e por um instante ficou aliviado, mas o problema era de que ela não parou de continuar e quando olhou pra frente, estava na verdade na casa de espelhos. Tentou voltar, mas a sala havia fechado e agora estava preso ali.
-Foi foda!- disse Lucas dando risada
-Velho! A gente devia vir mais vezes! - diz Mathy
-Só tem uma vez no ano bobão!- respondeu Otávio
-O Juan que se fudeu, perdeu o melhor, tinha um freak igualzinho ele!
Já se tinham passado umas quatro horas pelo menos e Juan não achava a porta naquela infinidade de espelhos. Ele suava frio, suas pupilas estavam dilatadas e as sobrancelhas arqueadas, um forte enjoo no estômago o fazia vomitar as vezes e parecia que morreria ali mesmo, pensava. Havia espelhos de todos os tipos, retorcidos, comuns, quebrados e uns eram apenas vidro, ele tentou quebrar mas sem sucesso. Estava cansado de ver seu reflexo abatido e quase fúnebre vagando por aqueles corredores. Claramente seus lábios estavam secos assim como sua garganta. Mesmo com todos aqueles espelhos dava para ver a parede preta atrás por conta das luzes verdes fluorescentes. As vezes passava pela gravura de uma de uma criatura, a mesma que viu no carrossel, a mesma que viu na tenda de madame Misty. Tinha umas asas e uma barba estranha, não conseguia enxergar direito.
Caminhando pelo corredor e subindo o alçapão no fim do mesmo, o palhaço agora sem maquiagem sobe, logo se depara com um espelho trincado, poderia ser que o garoto tivesse conseguido sair, então ele corre por todos os corredores e acha ele caído no chão.
-Acorda!-grita o palhaço - acorda garoto! - por sua vez o garoto se mexe um pouco pro lado, então o palhaço pega uma garrafa d´agua, agacha e coloca um pouco na boca dele, este acorda e se assusta.
-Meus amigos! O que fez com ele!? - levantando e caindo fraco após
-Não tem ninguém aqui, só nós!- responde cinicamente
-O que quer comigo? Porque eu?
-Você só precisa dizer me algo e eu te solto! - arregalando os olhos
-Mentira! - gritou
-Shi shi shi calma - agora numa voz tranquila - o que madame Misty te disse?
Juan desconfiado, se encosta no espelho atrás de si e fica em silêncio, o palhaço, agora sem paciência, levanta o pé e pergunta:
-Me diz o que ela te falou! - Juan assustado, grita:
-Socorro! Socorro! - e por fim o palhaço num chute só o desmaia.
Abrindo os olhos e levando o rosto devagar, Juan percebe a mandíbula meio torta e doendo, estava envolto de paredes de tecidos de cor roxa e numa delas estava a tal criatura no mesmo quadro, era atenda de madame Misty, uma mesa a sua frente e uma bola de cristal embaçada em cima, ainda na mesa viu a cabeça da vidente.
-Se gritar, vai doer mais!- disse o palhaço calmamente de uma poltrona- agora me diz, ela te disse sobre o que?
-Não vo...
-Doi não é? Agora me responda com a cabeça, sem enrolação ou termina como ela e vou atrás de seus amigos também! - Juan então concordou com a cabeça após hesitar um pouco - Ela te disse sobre uma cidade?
Juan só pensava na dor e negativou com a cabeça.
-Sobre o mar?
E de novo com a cabeça disse que não.
-Sobre uma criatura?
Lembrou-se da gravura, olhou para a direção dela, fazendo o palhaço perceber:
-Ela te contou sobre ele? - e Juan negativou sobre - Ah sobre o que então, um tsunami, um vulcão, um maremoto, um terremoto...
-Isso! Aiii! - exclamou o menino
-É isso! Então é você!
-Espera, não! - o palhaço tinha dois grandes braços que carregavam Juan de total facilidade.
O sol agora nascia, Juan fraco só via o brilho embaçado, sentiu-se sobre uma mesa de pedra fria e conseguia ver o brilho da lâmina de prata. Ouviu palavras desconhecidas serem ditas, palavras que não conseguiria pronunciar, após uma longa pausa, sentiu um frio no pescoço, logo seguido de um morno de seu sangue. A ultima coisa que viu foi tentáculos enormes engolindo o brilho do sol.