O ESTRANHO SER ATACA A COMUNIDADE

   Pelos becos e vielas ele se movimentava com uma rapidez impressionante, a escuridão da noite encobria a sua forma, sabia-se, porém, que era enorme, mas ninguém conseguia ver de perto, primeiro pelo temor de um ataque e depois porque só aparecia furtivamente. Há quem diga que é um homem em forma de lobo, outros afirmam ser uma mistura de ser humano com morcego dada a velocidade do deslocamento e dar a impressão de um vôo rasante. Na manhã seguinte o resultado da sua passagem naquela comunidade pobre, aves e pequenos animais trucidados, restos de corpos e rastros de sangue deixava o pessoal apavorado.

   O líder da comunidade reuniu os moradores e traçou um plano, há dias que pretendia isso, mas o medo tomou conta de todos naquela vila longe da cidade, afinal uma providência tinha que ser tomada. Esse fato começou a ocorrer de uns quinze dias para cá, mas não era toda noite, especificamente o misterioso ser escolhia as noites de lua cheia para marcar presença, justamente quando os habitantes daquele local se trancavam cedo e pelas brechas das portas e janelas observavam o movimento externo. O que viam era o que foi relatado acima, um vulto que se assemelhava a homem e dependendo do ponto de observação e da luminosidade da lua, a um lobo, só que em tamanho descomunal. O plano era comunicar o fato para as autoridades e exigir que fizessem campana devidamente preparados e bem armados. Isso foi feito, mas nada de anormal se concretizou enquanto os policiais foram destacados para o local, o "bicho" parecia não querer se defrontar com a força organizada para identificá-lo ou até capturá-lo.

   É lógico que os homens da lei não poderiam ficar ali a disposição daquelas pessoas o tempo todo, tinham outras atividades importantes para desenvolverem. Caso fosse necessário, porém, não se furtariam a atender a comunidade se algo de grave viesse a acontecer.

   Nas noites sem lua algumas pessoas se aventuravam circulando pela localidade, muitas por necessidade, no entanto, morrendo de medo, outras eram dominadas pelo receio e preferiam dormir cedo bem trancadas em suas residências, sempre olhando pelas brechas para ver se o estranho homem lobo aparecia.

   A noite de lua cheia chega mais uma vez, todos estão recolhidos e aguardando a fera que com certeza vai aparecer. Os guardas não estão ali e o terror começa. Como uma bala o vulto passa velozmente diante de olhos esbugalhados, as folhas das árvores se mexem mesmo sem vento, o seu deslocamento parece dominar a vegetação que fica inerte depois da sua passagem. O barulho de animais e aves em sofrimento atormenta a todos e no dia seguinte, depois de uma noite mal dormida, as pessoas contam os prejuízos. Por mais que tranquem as pocilgas e galinheiros os cadeados são arrebentados e as grades arrancadas. Até hoje ninguém conseguiu saber nada sobre o autor dessas atrocidades.

Moacir Rodrigues
Enviado por Moacir Rodrigues em 03/10/2020
Reeditado em 10/11/2020
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