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Eu tive dois amores... Uma: era minha irmã mais nova. E a outra: O meu vestidinho rosa. Minha mãe me dera antes de partir desse mundo e meu pai o guardou até que eu coubesse no vestido.

Meu pai vivia na fazenda trabalhando. Estava sempre coberto de lama e triste com a vida... o tempo inteiro. Porém nunca descontava seu mau gosto pela vida em nós duas. Éramos suas princesas, tínhamos tudo que queríamos. E éramos criadas por duas escravas que se faziam presentes como duas mães.

Era meu aniversário e eu completava 14 anos, quando meu pai chegou com o vestido rosa e me deu... disse-me que era para vesti-lo no ano seguinte... em que eu viraria mocinha. Agarrei-me ao vestido e fiquei a dançar pela casa, aos risos. Queria vesti-lo, mas não podia. Papai não iria gostar.

Minha irmãzinha era menor por dois anos e ficou com inveja do vestidinha rosa. Éramos como carne e unha, nos amávamos demais... Mas, desde aquele dia começamos a disputar. Desde roupas até comida e a atenção do papai e das escravas. Comecei a sentir ódio dela... e ela de mim também. O ano foi passando arrastado... Nossa relação já não era a mesma e quase não nos falávamos. A casa estava triste, meu pai não sabia o que fazer com a gente...

Enfim, o dia dos meus 15 anos chegou... Acordei cedo, levantei num pulo e saí correndo em direção ao vestidinho rosa. Mas quando cheguei - para meu total horror... - encontrei minha irmã vestida com ele. Ela ria, dançava e tocava-se de forma inapropriada, pecaminosa e desfilava em frente ao espelho. Foi exatamente naquele momento que eu enlouqueci...

Dei meia volta e corri para a cozinha, abri uma gaveta e nela estava uma tesoura enorme, pontuda e meio enferrujada. Voltei-me em direção ao quarto. Uma das escravas - a minha... - tentou se jogar em minha frente para impedir e sem querer apunhalei seu ventre. Ela caiu no chão do corredor jorrando sangue. A segunda se ajoelhou pedindo para que eu parasse.

Eu não dei ouvidos... ao alcançar minha irmã, ela também se ajoelhou suplicando e me dizendo que era "apenas" um vestido e que não podia crer que eu a odiasse tanto... chegando a comparar-se ao vestido, perguntando-me 'quem' eu amava mais. Mandei-a arrancar rapidamente o vestido e ela então ficou nua em minha frente, trêmula, tentando bestamente esconder seu corpo mirrado.

Matei minha irmã naquele dia. E agora estou aqui neste sanatório... até quando? Não sei... meu pai tem boa influência na cidade, pois se não tivesse, eu estaria num lugar ainda pior. Perdi minha irmã e nunca em minha vida pude usar o meu tão amado e esperado vestidinho rosa.