Fuga!
A possibilidade de que o fracasso pudesse converte-me em um vegetal fervilhava em meus miolos e me transbordava de aflição. No entanto, considerando a forma que tudo foi empreendido, o sucesso era bem mais provável. A estatística , por fim, me acalentou e executei o desaforo.
Lembro-me com pavorosa vivacidade daquela noite. O clima estava ameno. Soprando uma brisa carinhosa contra minha carne. Fitei o entorno para um ultimo registro visual do mundo.
Apenas o farfalhar dos galhos, perturbados pelo vento, brindavam minha presença naquele instante. Um riso estrangulado escapou-me. Iria, afinal, partir como vivi.
Com a corda enlaçada em volta da garganta inclinei o corpo para frente e fui de encontro à morte escura.
Aquela escuridão me abraçou. Me incorporou.
E com seus dentes brilhantes rompeu os laços com as aflições de outrora. Mastigando as neuras, preocupações, obrigações e principalmente: os olhos vis do julgamento. Esguichando ácidos por sobre as torrentes de expectativas e pressões , já agora, sem importância. Dei graças à conclusão.
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"Agora, ele jaz dentro da Besta-fera. Aninhado entre suas vísceras rubras. E distante daqueles que, tanto, lhe fustigaram as chagas...."