O caçador
Lhe acolhia a grama, como se fosse o seu leito a lhe abraçar. Cansado, tarde trabalhosa, longe foi, com demora voltou; agora era descansar. A casa, logo ao norte, ainda estava um pouco distante. Carregava consigo um saco pesado com a caça. A noite já chegara, sabia que estava atrasado, duas horas para ser mais exato, já eram oito e quarenta.
Não ligou para o tempo, estava tão exausto do dia que deixou no chão o produto e pôs-se ao chão. Olhou as estrelas e a lua cheia. Cadentes estrelas que fascinava. Perdeu-se em meio aos pensamentos e o sono veio, nem sequer percebeu que dormiu.
Quando acordou já estava acorrentado, duas estacas de madeira com alguns ossos, de cada lado, prendiam seus braços. Não conseguia sair, por mais que se esforçasse para isso. Estava de joelho, contrito, como dado por vencido. De cabeça baixa, arfando de cansaço, não sabia o que lhe ocorria.
Foi então que um ser estranho, que não era humano, surgira naquele lugar. Era acinzentado, não possuía orelhas, apenas grandes orifícios, um único olho, profundo e laranja e um sorriso com dentes afiados. Vestia uma túnica preta e segurava um objeto que refletia a luz do luar.
Até ele foi, analisava sua vítima friamente e até com um ar de lascívia.
Em suas costas cravou a adaga que dele fez escorrer sangue. Sua lâmina acertara em cheio o coração. Enquanto ele morria, o ser acariciava sua cabeça, como se o consolasse pela dor.
Deu-se fim a vida daquele jovem caçador...