Pesadelos (01)

Comi um pouco de pizza e me sentei para escrever algumas poesias, infelizmente apaguei sem perceber...

Era uma noite calma e tranquila, peguei minha mãe para levá-la para comer pizza, tudo começou normal, foi uma noite ótima, e ela inclusive adorou o dia, (não faço ideia de como foi o dia, só participei do fim maldoso), enfim, decidi deixá-la dirigir, pois ela tinha dito enquanto comíamos que já fazia um bom tempo que não guiava um carro.

Ela estava conduzindo muito bem, paramos para abastecer e tudo se iniciou aí, o frentista sorria para mim de uma forma miserável, ele estava morto no fundo dos olhos me pedia socorro, não entendi muito bem, talvez não tenha sido gentil o suficiente, só me lembro de ter colocado R$30,00 de combustível, e o tanque nem estava tão vazio, quando fui ao caixa pagar a gasolina o frentista conversava com minha mãe, ele virou novamente e notei que ele sorria de uma forma diferente, com felicidade, orgulho e prazer, isso me assustou, porém ignorei.

Voltei ao carro e minha mãe continuou dirigindo, até a luz da reserva acender, eu havia acabado de abastecer, como isso era possível? Não voltei para reclamar pois na nota estava R$30,00 e na bomba também, minha mãe estava em silêncio, nem me respondia, o silêncio era doloroso, existia gritos de sofrimento, até mesmo o asfalto era triste, esburacado e errado, as luzes eram inconstantes assim como o silêncio dela. Notei que tudo não era como deveria ser, ela estava mais vazia, ela soltou o cinto sem motivo algum, percebi que algo ruim iria acontecer, também soltei o meu cinto, o carro estava devagar, rapidamente ela levantou o pino, abriu a porta e se jogou do carro em movimento, o silêncio me preocupava muito mais do que esse fato, puxei o freio de mão e desci preocupado, briguei com ela de uma forma tranquila e disse que eu levaria o carro.

Ela olhava para as luzes dos postes de forma solitária, mesmo comigo do lado, nada era normal, eu podia sentir o odor da tristeza que havia na alma dela, o silêncio perpétuo me deixava morto de alma.

Já muito perto de casa, encontramos alguns parentes fazendo um churrasco, e eles nos convidaram para subir, eu sem gasolina acabei mediando, porém minha mãe pareceu ter gostado muito da ideia, então aceitei o convite por ela, subimos em uma laje e comemos de forma farta, mas como eu disse, ela não era a mesma, estava calada, de uma forma muito ruim, sentia a alma vazia que ela carregava, e por algum motivo alguém tirou a escada da laje para ninguém descer, isso causou um desconforto extremo para ela, um pânico infinito, ela corria de um lado para o outro, me olhava e pedia socorro, eu não conseguia me mover, nem falar, nem fazer absolutamente nada por ela, ela quebrou o silêncio me implorando socorro, todos em volta morriam de rir da situação, ela se ajoelhou e se descabelou fio à fio, não parava de gritar e então a pior parte. Ela subiu no muro para tentar descer, todos ao redor ficaram rindo e eu não conseguia me mover, vi ela tropeçando na viga da laje e nos próprios pés, e por um pequeno instante, todos ficaram quietos e ela caiu, pude ouvir o som do corpo acertando o chão, o silêncio e a minha dor se tornava novamente infinita.

Acordei as 3:45 dessa madrugada, rasguei as poesias e vim escrever esse conto, que pelo visto não era de fadas.

euoguedes
Enviado por euoguedes em 15/09/2020
Reeditado em 16/09/2020
Código do texto: T7063480
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