274 - Diamantes
Desamarrou o lenço e mostrou as pedras em bruto. Conhecedor, o ourives sentiu a fortuna que ali estava, o poder que uma justa lapidação legaria em fascínio e brilho a todas as pedras que pareciam, sem ser, pedaços de vidro ou de sal grosso. Ficou mudo muito tempo. Pegou numa, penou noutra pedra, rolou-as nos dedos grossos, acertou os óculos para ver melhor e, depois, disse: - se forem boas concordo com o preço. Deixe-as ficar e volte amanhã para receber. Preciso de as avaliar melhor e com mais tempo e não tenho comigo tanto dinheiro. O dono das pedras ainda hesitou, mas o comprador era o mais importante ourives da cidade! Saiu, no entanto, com pensamentos negativos: troca as pedras, vai recusar as menores, vai depois querer pagar muito abaixo do que haviam combinado. Chegou a casa e não comeu nem dormiu. Ao outro dia esperou a hora do fecho do estabelecimento e aguardou que o último negócio do dia fosse terminado e a cliente saísse. Eram, precisas, vinte horas num dos relógios de parede. Entraram juntos para o escritório e o ourives disse-lhe da ilegalidade do negócio, dos riscos que seria passar os diamantes na Alfândega de Lisboa, que ficou desiludido com algumas das pedras e, em suma, não iria pagar tanto. Pagaria cerca de um quarto pelo lote inteiro e não se falaria mais no assunto. O homem olhou-o, sacudiu negativamente a cabeça e disse que não, que queria os seus diamantes. – Isso é que já não é possível. Desta vez, você jogou e perdeu, disse o comprador estendendo-lhe algumas notas. O resto foi rápido. O traficante, pegou nas notas, retirou o revólver do bolso do casaco e abateu-o.