Monster Under The Bed Digital Art by Allan Swart

Feche os olhos… conte até dez… Monstros não existem!”.

A porta do quarto se fechou…, e a janela tinha que ficar fechada. Gatos de rua podiam entrar e comer os peixes no aquário do quarto. O ar-condicionado ficava ligado na hora de dormir… Era a regra. As portas dos quartos ficavam fechadas. O pequeno Austin não queria dormir sozinho.

– Pai, e a luz? Precisa ficar apagada?
– O escuro não têm monstros Austin… O escuro é apenas a ausência da luz do sol ou de uma lâmpada. Mas, tudo que estava antes continua aqui, e nada pode ser adicionado sem você perceber… Pois o quarto está fechado. Se você ficar de olhos abertos até acostumar, poderá ver TUDO… Seus brinquedos, livros, seu videogame… E verá que nada está mudou. Nada vai acontecer!

Seu pai sorria, mas emitia um tanto de impaciência e cansaço em sua voz. O dia tinha sido longo. Austin não percebia isso.

– Palavra de escoteiro papai?
– PALAVRA! Olha filho… Se você sentir medo: feche os olhos com força e conte até dez… Então abra os olhos e olhe em volta novamente. Você vai ver que não há nada ali… É apenas sua imaginação. Monstros não existem!

A luz apagou e a porta bateu com força. Austin pôde escutar os passos apressados de pai, e isso fez com que ele se sentisse incrivelmente desamparado. Se cobriu da cabeça aos pés dando graças a Deus por fazer uma noite fria. Sentiu um vento gelado passando pelo seu lado esquerdo e deslizando pro chão ao seu lado. Seu corpo estremeceu da cabeça aos pés. Teve vontade de gritar, mas queria provar para o pai que era um menino corajoso. Fechou os olhos com força, apertando as duas mãos que não paravam de tremer.

-
“Um, dois, três, quatro, cinco, seis, sete, oito, nove… nooovee… noveeee… nove e meioooo… DEZ!!” – Abriu os olhos.
Realmente… quanto a poder enxergar no escuro, seu pai tinha toda a razão. Seus olhos podiam ver o quarto perfeitamente. Mas Austin começava a achar que isso não era tão bom assim… Algo passou correndo muito rápido ao seu lado, escondendo-se em baixo da cama… Fosse fantasma, bicho papão, ou um rato: Austin com certeza poderia vê-lo perfeitamente… e provavelmente ele seria visto também.

A madrugada seguia… Austin continuava tremendo debaixo dos lençóis. De vez em quando ouvia barulhos debaixo da cama. Eram suspiros longos e sons agudos que pareciam garras – grandes e afiadas – brincando de arranhar o chão… fazendo-o despertar de breves cochilos, com o coração saindo pela boca. “Quero fazer xixi. Droga… Preciso fazer xixiiii...!!”. – Pensou, enquanto se encolhia na cama. - Monstros não existem, monstros não existeeeemm…!!”.

Mais uma vez ouviu um suspiro longo, que mais se parecia um assobio… E então um barulho de algo se arrastando no chão… o frio do quarto de repente aumentaram. Austin olhou o abajur desligado ao seu lado. Agarrou com força e se levantou da cama. O que estivesse dividindo o quarto com ele… levaria um abajur de porcelana cheio de desenhos do Mickey na cabeça… Se tentasse a sorte. Austin se encheu de coragem…

Um… Dois… Três… Três e meioo… eee…

O vulto então passou rapidamente pelo seu pé. Por instinto Austin fechou os olhos e atirou sem olhar o abajur com força em direção ao que quer que fosse. Ouvindo logo em seguida um grunhido rouco e muito agudo. Austin fechou os olhos e não conseguia mais se mover do lugar de tanto que tremia…

O barulho do abajur se quebrando no chão trouxe seu pai de volta rapidamente. As luzes se acenderam. No chão havia pedaços de dentes… Presas enormes e pontiagudas misturadas a vidros quebrados e algo que lembrava um pelo grosso, e também escamas. Um rastro de sangue verdejado se seguiu até a janela, que agora estava escancarada… deixando o vento entrar furiosamente no quarto. Pai e filho permaneceram por vários minutos mudos, perplexos, encarando o chão do quarto. O menino então… com lágrimas nos olhos e todo molhado de xixi, perguntou outra vez:

-
… Pai… posso dormir com você?