O ÚLTIMO CONTO - CLTS 12
Todos sabemos que o homem nasce na simplicidade, mas isso acaba durante sua vivência e de acordo com o mundo que o rodeia. Existem fatos que acontecem durante a vida que o faz mudar, dentre esses motivos, os traumas, traições, ou simplesmente a pura soberba, a vontade de ser o melhor, a razão que historicamente causa a separação das famílias.
Eu, apenas 14 anos, solitariamente triste e sem saber a real razão, sentia um grande vazio, algo que meu pai nunca conseguiu explicar.
Cresci sabendo que sempre seria o segundo, medalha de prata, a sombra. Fazia as coisas da melhor maneira possível, mas era insuficiente para ele, mesmo assim tentava dar o meu máximo; porém, penso que foi assim que me mantive aqui, para poder contar essa história.
Meu pai gostava muito de contar causos, todos muito detalhados, dizia estar presente em todos que me contava.
Nasceu em uma cidade pequena do interior, onde nasci e cresci também. Foi criado com dificuldades normais da década de 1960. Casa simples, vida normal para quem era daquela época. Seu pai, meu avô, teve uma história difícil, esteve na Segunda Guerra, não como combatente militar, estava preso em Auschwitz, por ser judeu. Ficou 8 meses em trabalho escravo, esperando morrer a cada dia que passava, até o término do que ele chamava de inferno na Terra. Mesmo com muitos traumas do campo de concentração, ele tentava manter o controle, mas não foi o suficiente para minha avó, que não superou um grave problema no coração que se agravou com as crises de meu avô. Ele trabalhava em lavoura e criava gado, poucas cabeças, mas suficiente para dar tranquilidade na mesa da família.
Depois da morte de minha avó, os pesadelos e delírios de meu avô aumentaram e meu pai o acompanhava nesses momentos mais dolorosos, sentia-se responsável por tudo. Não demorou muito tempo para que ele morresse também, na verdade tirou sua própria vida, matando a dor que trazia desde os campos de concentração nazista.
Em uma noite de muitos pesadelos, ele levantou foi até a sala, pegou a espingarda e foi para a varanda da casa, ao apontar para frente, onde apenas as árvores se mexiam e o único som que se ouvia era dos grilos, ele falou baixo, como se tivesse alguém ao seu lado, "Vocês não me pegarão”. Meu pai percebeu a movimentação noturna e foi ao seu encontro. Gritou para que ele voltasse a si, mas foi pior, apenas ouviu: "Não voltarei para aquele inferno nunca mais". Meu avô virou a arma para seu rosto e atirou. Meu pai viu toda a cena, correu para tentar socorrê-lo, mas já não havia o que fazer.
O tempo passou e meu pai teve que se acostumar, não esqueceu, mas mudou seu ritmo de vida e continuou. Escola, trabalho, namorada, esposa, filho...
Ele teve que começar uma nova história, não tinha mais ninguém, a família de seu pai havia ficado na Europa e por parte de mãe não conheceu ninguém. Era apenas ele.
O interior traz peculiaridades que não temos na cidade grande, os causos são cheios de mistério e são contados para as novas gerações, e as histórias de terror eram as favoritas.
Os contos dele continham pessoas reais, fatos de sua vida e pelo que eu entendia ninguém sobrou para contar se era verdade. Ele sempre gostou de me colocar medo, histórias de pescarias eram as preferidas, depois as de caçadas e animais que assombravam os campos.
Ele apenas contava, não escrevia mais, eu tentava o incentivar, dizendo que na biblioteca da escola havia vários livros de contos e que ele poderia escrever os dele. Ele apenas riu e disse que pensaria no assunto.
Todo conto tem um começo, juntando vários forma-se um livro, no caso de meu pai, foi criada uma série de vida, que ele dizia ser real, eu gostava, mas para mim, era apenas ficção. O que sempre me impressionou foi a relação que as histórias tinham com nossa família e, por incrível que pareça, ela não fazia falta, não havia memórias em minha mente. Ele sabia o que contar, apenas o que gostaria que eu soubesse.
A história da árvore mal-assombrada foi a primeira obra e foi também a que mudou nossas vidas. Pelo menos a minha.
Alguns jovens reuniam-se para beber e se divertir sob uma grande figueira, que, com seus galhos extensos e caídos feito lágrimas, os protegia do frio do inverno do sul. Essa noite ele não participava da festa, apenas passou assoviando e uivando feito lobo para tentar assustar os participantes. Conseguiu. Todos saíram para ver o que era, a coragem dos jovens era maior que hoje, eles encaravam o medo.
Aconteceu que um dos jovens mantinha uma paixonite aguda pela minha mãe que já era namorada do meu pai, namoro infantil, nada de agarramento, pelo menos assim que os pais dela viam o relacionamento, no máximo poderia pegar na mão, mas na presença do meu tio, irmão mais velho.
Quando saiu debaixo da árvore, esse rapaz fitou a sombra do meu pai e questionou:
– Só podia ser! Tinha que estar cuidando da menina, do contrário alguém pode pegar. – E gargalhou ironicamente.
Os outros riram debochadamente, mas meu pai fez pouco caso, apenas disse:
– Caro Saraiva, a tua inveja por mim é tão grande que tenho pena de ti. Um dia contarei essa história e aí saberemos quem ficou com ela.
O rapaz embalou seu corpo um tanto embriagado na direção de meu pai, que se acomodou em posição de luta, mas quando estavam quase focinho a focinho um outro rapaz veio na direção dos dois e deu um chega para lá no corajoso briguento. Meu pai agora empossando a voz disse:
– Vocês todos estarão em minha história, mas são coadjuvantes, vamos saber no futuro quem será o vencedor.
Aquilo soou estranho, ninguém entendeu.
– Vai embora daqui, não vou ficar segurando esse homem muito tempo. – Disse o apaziguador.
A noite continuou, os jovens voltaram para árvore e seguiram a festa. Alguns comentaram os dizeres de meu pai:
– O que o Carlos falou me deixou intrigado. – Disse um.
– Ele deve estar bêbado! O Saraiva falou da namorada dele, isso o irritou. – Completou o outro.
A vida continuou. Meu pai não levava desaforos para casa, mas não era de brigar, apenas resolveu começar a escrever, iria mostrar quem ele era, provar que era o melhor, mas até então não havia escrito nada, apenas contava.
Naquela noite, chegou em casa e escreveu o que havia acontecido na árvore. Descreveu detalhadamente tudo que ocorreu, citou o nome de todos, colocava Saraiva com letras maiores, dizendo que se ele sumisse tudo seria mais fácil. Gostaria de registrar os acontecimentos para um dia jogar na cara daqueles que zombaram dele. Finalizou o relato e foi dormir.
No dia seguinte, lindo domingo de sol, ele foi almoçar na casa de minha mãe. A família dela toda reunida e ele com a cara amarrada, feito boi brabo, não conversava muito, apenas respondia o que lhe era perguntado. Minha mãe o cobrou:
– Carlos, por que essa cara amarrada? Não dormiu bem?
– Não foi nada.
– Mas você está sempre alegre e hoje parece que chupou limão azedo.
Ele soltou um sorriso tímido com a expressão que ouviu e desabafou:
– Ontem à noite passei na figueira, tentei assustar uns caras que estavam lá, mas eles não gostaram muito e o Saraiva me mandou cuidar de ti, se não ele cuidaria.
Minha mãe fez cara de espanto e disparou:
– Mas por que tu foste lá? E quem é Saraiva?
– Como assim quem é Saraiva? Teu colega, filho da Lourdes.
– Você está bem, Carlos? A Lourdes só tem uma filha e é tua colega, a Gláucia. Tu estás muito estranho hoje.
– Estranho? Você que está! O Saraiva passa só na tua volta, ele até escreveu no teu caderno, você mesma mostrou.
Minha mãe levantou, foi até o quarto, pegou o caderno e disse:
– Mostre-me então.
– Está aqui na capa… como assim? Como apagaste? Essas borrachas de caneta só borram e rasgam as folhas, mas o teu ficou perfeito. – Respondeu.
– Carlos… Não estou te entendendo, que conversa confusa. Diz o que realmente aconteceu.
– Já disse, eu estava passando na árvore…
– Mas que árvore é essa que você está falando? – Interrompeu.
– A figueira do corredor dos Farias.
– Não tem figueira nenhuma lá, Carlos. E quem mais estava lá?
– Não vi todos, estava muito escuro. Lembro do Saraiva e do Pedro Silva, que não deixou que a briga acontecesse.
– Pedro Silva? – Ela questionou.
– Ah! Tá bom… Vai dizer que não conhece o Pedro Silva, que está sempre rodeando tua irmã?
– Carlos, quem rodeia a minha irmã é o Jorge Silva…
– Não! É o Pedro, irmão dele. – Disse meu pai.
– Carlos, tu estás de piadinha comigo, o Jorge tem irmão, mas ainda é de colo e chama-se Rubens.
Nesse momento, a minha avó os chamou para a mesa, estava servindo o almoço. Minha mãe sorrindo olhou para ele e disse:
– Depois continuas teu conto.
– Ele então entendeu que tudo que ele havia dito, por algum motivo estava acontecendo, mas não entendia por quê?
Após o almoço, não continuaram a mesma conversa. Meus tios estavam por perto e o mais velho não tirava o olho de meu pai.
Conversaram um pouco, contaram algumas lorotas, mas o assunto anterior não saía da cabeça do meu pai. Tentou tirar a prova e, olhando na direção do meu tio, perguntou:
– Domingo que vem tem jogo na quadra do centro, o Saraiva vai jogar no teu time?
– Quem é Saraiva, Carlos? É um apelido novo?
Meu pai então ficou assustado com que ouviu, riu debochadamente para que o assunto findasse e levantou para ir para sua casa, deu um beijo em minha mãe, despediu-se dos sogros e saiu desconfortável. Pegou sua bicicleta e foi direto para o corredor dos Farias e não havia mais árvore alguma lá. O espaço estava livre, não haviam cortado, ela parecia nunca ter existido.
Ele chegou em casa e, olhando para o quadro velho com os rostos seus pais que ainda permanecia na parede, questionou sua sanidade e foi para o quarto. Desnorteado com o que estava acontecendo, resolveu tirar mais uma prova.
Escreveu no caderno, relatando a imagem de seus pais na foto, que lhe traziam pesadelos e quando conseguia dormir, o sono era pesado, sonhava sempre com o barulho do tiro e o rosto de seu pai desfigurado e o chão ensanguentado. Rabiscou alguns detalhes sobre o que sabia do dia do casamento e mais algumas coisas com menos importância. Terminou, jogou o caderno na cama e foi até a sala. Nada aconteceu, o quadro estava lá. Voltou rindo, pegou o caderno e escreveu "Fim" abaixo do que havia relatado anteriormente. Adormeceu, teve uma noite como nunca havia tido antes. O sono foi leve, sem percalços. Acordou disposto, arrumou-se para mais um dia de escola e muito trabalho.
Saiu de seu quarto em direção à cozinha e ao passar pela sala, percebeu que o quadro não estava mais lá. No momento, pensou que haviam roubado, mas quem é que levaria uma imagem daquelas dentro de um quadro velho.
Agora tudo fazia sentido, suas histórias sendo finalizadas, funcionava, ele podia mudar o rumo do futuro, seria então o dono de tudo, faria o que quisesse na hora que achasse oportuno.
Ele contava tudo com ar de superioridade, havia feito muito isso, resolveu sua vida tirando de cena quem o atrapalhava. Ele escreveu sobre meu tio, que eu só conhecia por suas histórias, porque empacava seu namoro com minha mãe. Disse-me que não havia privacidade com aquele cão de guarda.
Na escola, livrou-se dos melhores jogadores de futebol para que fosse o destaque e se tornasse o mais popular da época. Quando começou a trabalhar, escrevia sobre todos que criavam riscos para suas possíveis promoções. Viveu assim, contava-me tudo, mas eu escutava como contos, eu o questionava sempre, queria saber mais de suas histórias. E ele orgulhosamente contava. Sempre vencia, era uma vida de vitórias.
Saíamos caminhando e ele relatando:
– Tá vendo aquele espaço ali? Já foi uma igreja, mas o padre viu sua mãe e eu abraçados atrás do confessionário e ameaçou contar para seus avós, eu tirei meu caderninho do bolso e escrevi, por isso não tem mais nada. Eu os retirei, não gosto, não mantenho.
Eu meneei a cabeça consentindo o que ele falava, achava engraçado o jeito com que ele falava e balançava os braços, ele era um homem grande, não era gordo, mas forte. Parecia tão real o que eu escutava, na maioria das vezes muito triste, e ele parecia não gostar de nada.
Paramos no Bar do seu Luís, e um dos homens que bebia ali chegou perto, olhando para nós disse:
– Bom dia Carlos! Tu foste o melhor jogador que eu vi nesta cidade, mas o teu filho é melhor que tu.
Ele ficou sério com que ouviu e respondeu:
– Melhor que eu? Nunca, ninguém será. Ele vai ter que se esforçar muito, mas prefiro que fique apenas perto.
– Mas tu tens que ficar orgulhoso, ele seguiu teus passos, aprendeu bem. – Continuou
Meu pai gostava de contar histórias, mas não era muito bom em ensinar, mantinha-me sob cuidados extremos, não havia muito incentivo, ele era o contador de histórias e eu era sua plateia. Apenas isso.
Na saída do bar, fui mais enfático:
– Pai! Qual a verdadeira razão de minha mãe ter sumido? Fale-me a verdade.
Encarou-me por um longo momento, eu correspondia, corajosamente fixei minhas pupilas nas dele. Virou em direção a nossa casa e continuou andando, deixando-me para trás, exatamente onde era meu lugar. Alguns passos a frente, sem virar-se apenas perguntou:
– Lhe faz alguma falta? Não sou suficiente?
Eu não soube o que dizer, não havia argumentos, apenas gritei:
– SINTO ÓDIO! Há alguma maneira de tirar isso de mim?
– O ódio faz mal ao hospedeiro. – Respondeu-me sem qualquer sentimento.
A verdade é que para ele estávamos bem sozinhos, éramos suficientes. No entanto, o que eu escutava e lia criava uma expectativa quanto ao passado, e que se tudo fosse verdade eu era realmente só, diferente das histórias de meu pai, que traziam muitos personagens, na minha, somos só ele e eu.
Ele era um homem de respostas rápidas, ferozes e sem paciência.
– Pai! Se tudo que me contas é verdade, não seria desonesto?
– Ninguém é plenamente honesto. – Respondeu asperamente.
O que me contava estava escrito, então, além de escutar, eu ainda lia buscando mais detalhes. Achava estranha a forma como ele escrevia “Fim”, nos primeiros contos, era com letras pequenas, parecendo não ter certeza do que estava fazendo. Com o passar do tempo foi aumentando até ficar maior que o restante do texto.
Tudo estava lá, meus avós paternos e maternos, tios, mãe, amigos da família e principalmente desafetos, foi assim que os conheci. Todos estavam com seus nomes, eternizados pelos contos de meu pai no velho caderno e o final não era feliz. No final de contas, todos ali não existiam mais, era como se nunca tivessem existido.
O que eu pensava sobre os contos é que seria uma forma dele me proteger, não gostaria de contar o real fim de minha família, eu questionava, não pela saudade ou por lembranças que não existiam, mas por saber que se estou aqui, tive uma mãe.
Num certo dia, caminhamos muito, ele sempre olhando para alguns lugares e dizendo que ali jogava futebol, no outro lado pescava, mas não havia campo e nem qualquer vestígio de que um dia houvesse existido algum açude ou lago. A cara dele era de tranquilidade, falava com orgulho do que dizia ter feito. Eu não tinha opinião formada, algumas coisas não eram tão legais da forma que ele contava. Ficava feliz ao ler histórias da família, assim os conhecia mais. Porém, dentro de mim, não saber o que era ter, passava de curiosidade, para uma saudade do que não conheci.
Depois de mais um longo dia de histórias, chegamos em casa, ele serviu um prato de sopa de batata que sobrou do almoço e me mandou para o quarto. Dormi cedo, estava exausto com o dia cheio que tivemos.
Acordei na manhã seguinte, ele estava com seu caderno nas mãos, mandou-me sentar, soltou-o na mesa e disse para eu ler. Ali estavam todas as histórias que ele me contou, eu já havia lido tudo mais de uma vez.
Perguntei se havia algum conto novo, pois já sabia todos de cor. Ele pediu que eu revisasse, dizendo que sempre há coisas que não lemos.
Comecei a folhear, pulando as histórias, lendo apenas os títulos. Quando já estava nas últimas páginas, percebi que realmente havia algo novo, o título era “O último conto”. Ele pediu que eu lesse em voz alta.
Começou dizendo que tudo que havia me contado durante a vida era real, tudo ele fez sentindo-se um novo Deus, sentindo-se o dono do poder, retirou todas as pessoas que pode de nossa volta. Ele se disse decepcionado por ter contado para minha mãe e que ela não havia entendido e, depois de algumas brigas, ameaçou interná-lo num hospício.
Havia perdido seus pais, o coração de sua mãe não aguentou a vida ao lado de seu pai, que também desistiu da vida com um tiro. Os amigos o chamavam de louco, e eu era o que sobrou, o que o mantinha em pé. Seria sempre seu ouvinte, sem riscos de que eu o abandonasse.
Nas últimas linhas, continha a declaração: "Eu amei tua mãe mais do que tudo, e ela queria me trair, aliás todos que eu amei acharam uma maneira de me abandonar. Você meu filho, não será diferente, um dia irá me deixar sozinho.
Meu filho... Eu te amo, mas me amo mais e sempre serei o melhor".
O medo tomou conta do meu ser, era o primeiro de seus contos que eu estava presente, se fosse verdade, eu sumiria, mas não foi o que aconteceu, eu continuei ali, os meus olhos não seguraram as lágrimas, fitando seus olhos secos sem nenhuma expressão de tristeza ou arrependimento.
– Hoje percebi que suas histórias eram tristes, mas eram apenas contos, ainda estou aqui, meu coração mesmo que acelerado ainda bate. – Disse com olhar de desprezo.
– O ser humano não morre quando o coração para de bater, morre quando, de alguma forma, deixa de se sentir importante... Não tenho mais o que fazer. Finalize. – Falou firmemente, levantando da cadeira e dando as costas para mim.
Não obedeci a ordem, ainda duvidando que tudo que estava ali fosse realmente verdade e que tudo que eu havia dito também estaria escrito. Olhei-o mais uma vez e de novo ele mandou-me finalizar, mas não havia mais nada para ler, apenas fiquei em silêncio.
Ele abriu a porta de casa saiu, e antes de fechá-la, completou:
— Vire a página.
Estava ali, com escrita firme e em letras garrafais “FIM”.
Tema: Soberba