O Lobisomem e o ônibus escolar
Boa noite,
Esse relato chegou até mim através de um amigo caminhoneiro, que morou lá pelas bandas da zona Rural de Panelas, no Agreste de Pernambuco, vou relatar como ele me contou, ele me disse que a história é tão verdadeira que saiu até nos sites da internet, que todo ele e todo o povaréu por lá juram de pé junto que é a verdade mais verdadeira, quem me contou, ficou sabendo do ocorrido, porque era parente motorista do ônibus a que o lobisomem atacou e também porque depois participou da caçada do monstro amaldiçoado.
Bem, foi assim…
O primo de meu amigo disse que era uma noite normal de céu claro por causa da lua cheia, e que vinha dirigindo devagar pela estrada como fazia sempre, o ônibus estava cheio de meninos e meninas, que seguia a rotina de sempre na pequena comunidade de Lagoa do Mato, zona rural de Panelas.
Era uma estrada no meio do mato, quando do nada eles ouviram um som muito alto e forte, um tipo de uivo, misturado com ronco de porco, mas algo muito, muito forte, um urro de assustar até o cabra mais corajoso.
E do nada, logo em seguida, houve um forte solavanco no coletivo, parecia que um carro tinha batido nele, chegou a balançar, todos se assustaram e gritaram, não tinha como ser um carro, pois a estrada era estreita, não tinha acessos a ela por ali, lembrou que há pouco tinha passada uma moto por eles, mas já devia estar ao longe!
Então ele olhou pelo retrovisor e viu uma enorme figura ao lado do ônibus, com a luz do interior do coletivo, foi possível ver que era algo muito grande, maior que um terneiro, peludo e muito feio, uma mistura de gente, porco e lobo, e os jovens estudantes também viram aquela aberração e começaram a gritar, agora de medo, estavam todos apavorados, até ele, era como se estivessem em um filme de terror, um desespero só de todos ali dentro.
Ele acelerou, já estava com seu veículo a uma velocidade entre 50 km/h e 60 km/h, o máximo que conseguia pôr naquela estrada e o bicho continuava correndo pelo mato, às vezes corria em duas patas em outras, em quatro, urrava mais ainda, e mesmo naquela velocidade, o bicho os alcançou, bateu de novo. O motorista disse que achou que todos morreriam ali, estavam todos gritando, eram muitos gritos de pavor!
E quando tudo parecia perdido, para sorte deles, o monstro, simplesmente, desistiu e correu mata a dentro, deixando a todos apavorados e atônitos, mas vivos.
O susto foi tamanho, que ele, após ver que o mostro havia sumido, parou o coletivo, não tinha condições de dirigir de tanto tremer, ele e os jovens precisavam se acalmar, saiu do banco de motorista e pediu silêncio, pararam os gritos, mas os jovens continuavam chorando muito!
E foi, então que ele notou uma moto com dois homens com galhos de árvores nas mãos, parados logo à frente.
Ele desceu e falou com os homens que contaram para ele que vinham na moto que há pouco tinha ultrapassado o ônibus, seguiam normalmente quando um enorme cachorro negro pulou pela cerca de arame que separava a estrada da mata, foi o maior susto, quase caíram da moto.
Parece que o monstro também se assustou com a moto e correu para o lado oposto da estrada, foi para a direção que vinha o ônibus e eles se preocuparam com isso, então, como não tinham armas, pegaram galhos de aveloz e voltaram para ajudar os meninos no escolar.
Eles chegaram a ver o bicho se chocando contra a lateral do ônibus e gritaram para chamar a atenção do lobisomem que ao ver a luz do farol da moto e o griteiro que faziam, deve ter se assustado e correu para a mata.
Meu parente disse que os jovens choravam muito, estavam todos com muito de medo pelo que tinham vivenciado, por isso não tinha ouvido nem visto os motoqueiros antes, pois estava olhando para trás e para dentro do coletivo.
Mas todos agradeceram muito os dois, pois só pode ter sido a chegada deles que afastou o monstro do ônibus.
No outro dia, ai meu amigo que me contou essa história já estava junto, estavam todos os moradores, que, mesmo com medo, depois de ouvirem a história dos filhos ou dos netos, resolveram ir à caça do lobisomem.
Se armaram com podiam, pegaram pás, enxadas, facões e foices e seguiram para o local do encontro dos jovens com o lobisomem.
Passaram horas esperando, espreitando pela estrada, mas nada do Lobisomem, porém, quando chegaram lá no exato local onde o bicho tinha batido no ônibus, encontraram algo muito estranho e intrigante, tinha uma cruz, que não estava ali na noite anterior, até hoje nenhum morador da pequena localidade assumiu ter posto a cruz ali!
Hoje em dia, o meu amigo caminhoneiro mora aqui no sul, e essa apavorante aparição foi nos idos de 2019 e, desde lá, ninguém mais, na comunidade viu algo parecido.
Mas, mesmo assim, o povo continua com medo, pois ninguém sabe que bicho era aquele, e mesmo que o pessoal de fora não acredite neles, eles sabem que algo atacou àqueles jovens!
E ele e toda a cidade acredita que foi um lobisomem e desde então, vivem com muito medo desse monstro e não saem de casa à noite por nada!
Meu amigo disse que maioria dos moradores vive da agricultura, as casas são bem afastadas uma das outras e que nas noites de lua cheia, eles fecham as portas e se trancam em suas casas, e até mesmo os mais céticos, aqueles que não acreditam em lendas, preferem não se arriscar e ficam trancados em suas casas e sítios.
Boa noite!
Escrito por Nilvio A. F. Braga, em 10/08/2020