Vamos transar? (Não é pornográfico)
Sidcrey era virgem. Não. Não era seu signo, até porque ele é de aquário, mas sim o fato dele nunca ter transado na vida. E como ele era zoado pelos amigos por isso! Foi com os hormônios de adolescente a mil que, num dia nublado de verão, Sidcrey acordou com a firme convicção de que ia quebrar este “tabu” e deixar de ser avacalhado pelos amigos. Com o intuito de deixar a virgindade num passado bem distante, Sidcrey vestiu a camisa nove do Flamengo novinha que ganhou do tio e, após colocar um short branco e calçar um par de tênis preto, foi em busca de satisfazer sua lascívia. O garoto de dezesseis anos, do Engenho de Dentro, caminhou durante uma hora e meia até chegar a um ponto de ônibus bem distante de sua casa. Lá, havia cinco mulheres e sete homens. Sidcrey chegou sorrindo para uma das mulheres, que devia ter uns trinta e poucos anos, e perguntou à queima-roupa: “Vamos transar?”. A balzaquiana olhou para ele de cima a baixo e sorriu. Não de interesse, mas de deboche. “Transar com você, moleque? Vê se te enxerga! Baixinho, gordo, dentuço e com essa cara que parece um campo minado de tantos buracos… Vai estudar que é a melhor coisa que você faz!” E após dizer estas duras palavras, a mulher pegou o ônibus e deixou o fã de Pedro com cara de otário. Sidcrey não se abalou e repetiu a pergunta para segunda mulher, que aparentava ter uns vinte e poucos anos. Ela o xingou de depravado e se afastou rapidamente dele. Mas Sidcrey é brasileiro e brasileiro não desiste nunca. O estudante do ensino médio fez, então, a mesma pergunta (“Vamos transar?”) para cada uma das três mulheres restantes do ponto de ônibus. A reação delas foi a seguinte: a terceira mulher abordada, uma quarentona, deu-lhe um tapa na cara tão forte que Sidcrey caiu ao chão. A quarta mulher era lutadora de Jiu-Jítsu profissional e deu em Sidcrey uma surra que o deixou todo machucado. Os homens do ponto de ônibus riam às gargalhadas da desgraça do adolescente cheio de espinhas na cara, mas ainda restava uma mulher. A quinta mulher era lindíssima e com cara de boazinha. “Vamos transar?”, perguntou Sidcrey, com um olho roxo, um dente a menos e um filete de sangue escorrendo da boca, à bela loira de olhos azuis com a cara da Sharon Stone nos seus trinta anos de idade. “Sim, claro! Vamos!”, respondeu a galega com um sorriso enigmático. Sidcrey, transbordava alegria pelos poros, como se tivesse ganho sozinho na Mega-Sena, e, feliz da vida, saiu de mãos dadas com a loiraça até a casa dela sob o olhar de espanto e inveja dos homens no ponto de ônibus. O fã do Pedro transou com Rachel até o amanhecer. Foi a melhor transa da vida de Sidcrey. No dia seguinte, a bela loira, que era torcedora fanática do Fluminense, chamou os amigos a sua casa para comer um churrasco. Um churrasco de Sidcrey…
FIM