A dívida sobrenatural - V
Já era noite, não estava muito tarde, mas tinha que se apressar. Em pé, bem no meio da rua que bem conhecia, porém não nutria pelo lugar nada de saudades, suspirou e tomou coragem para seguir em frente, foi a sua escolha passar por isso.
Começou com passos lentos, meio receosos, foi se aproximando da casa do pai. Uma vantagem era que não haviam tantos vizinhos por perto, em volta da casa existia mato, circulando a casa, iluminada pelo poste que ficava frente à residência, do outro lado da curta rua.
Chegou em frente, ouviu alguns barulhos lá dentro, foi para a janela, devagar, escondido, para que não fosse visto, olhou o homem na cozinha, com aquela cara fechada de sempre, batendo algo no liquidificador.
- Como farei para ao menos desmaiá-lo? - sussurrou para si mesmo - Vou entrar pelos fundos quando tiver oportunidade e o pegarei de surpresa.
De repente seu pai olhou para a janela, Felipe se assustou e tirou o rosto de visão ligeiramente, com o coração acelerado, mas parecia que ele, ainda assim, tinha visto. Ouviu passos rápidos vindo em sua direção, dentro da casa, eles se aproximaram rapidamente, ele iria descobri-lo...
- Quem está aí?
Gritou, abrindo a janela com força, pondo o corpo para fora e visualizando o movimento da rua, não havia ninguém, apenas um gato preto passando por ali.
- Foi você? Gato maldito!
Gritou, arremessando uma garrafa de vidro na direção do gato, que não foi acertado por um triz e acabou fugindo dali.
Um estrondo, a janela foi fechada, com rispidez, ele voltara para a cozinha, Felipe soltou o ar que estava prendendo, aliviado. Foi esperto, se escondeu do outro lado da casa, mas ainda era perigoso, o gato acabou lhe salvando de ser descoberto.
- Se apresse, já não tens tanto tempo...
A voz demoníaca surgiu em seu pé do ouvido, lhe arrepiou, ia acelerar as coisas, era sua única opção...
Foi aos fundos da casa, ainda ouvia movimento dentro da mesma, andava vagarosamente, tentando evitar maiores ruídos com o quebrar dos galhos no chão a cada pisada.
Quando chegou na quina da residência, um susto. A porta foi aberta de uma vez, quase foi pego novamente, se escondeu, ouviu algo ser jogado no mato e a porta se fechar em seguida. Pôs a cabeça para ver o que se passava, nada, apenas um saco de lixo estava alocado lá.
Tornou a aproximar-se da porta, olhou pela janelinha, seu pai ia saindo da cozinha, apagando a luz e indo para a sala, a qual também apagou a luz de lá.
Virou-se de lado, o demônio aparecera, levou um susto, só não gritou pois teve a boca tampada pelo ser.
- Farei o imundo de seu pai sentir um mau-estar, ele acabará dormindo ou até mesmo ficará debilitado o suficiente para o ferir. A hora é essa...