Espelho dourado PARTE 2
Já era perto do meio dia quando o pai de Alice, o senhor Alfredo bateu na porta forte.
__ Alice já é meio dia, o almoço vai esfriar.
Disse caminhando pela casa como costumava fazer.
Ela esfregou os olhos lembrando de tudo o que tinha acontecido.
__ Foi um sonho?
Murmurou pra si mesma.
Lavou o rosto, escovou os dentes ainda pensando no fato ocorrido, tudo tinha sido muito lúcido.
Sentou-se a mesa olhando a salada de maionese que sua mãe tinha feito, que tinha o mesmo tom amarelado do vestido de sua mãe, Anilda, que estava alegre como sempre e apesar de já ter quase 60 anos ainda era muito bonita, de cabelos negros encaracolados, olhos azuis como o céu e pele dourada.
__ Seu irmão está chateado com a gente?
Perguntou Alfredo com a voz tremula.
__ Não seja bobo, ele deveria estar muito apressado, só isso.
Engoli em seco.
__ Ele veio aqui?
__ Ele te trouxe aqui, disse que tu tinha tomado muito vinho ontem e teve que te trazer no colo.
Tinha sido tudo real.
Saiu correndo da mesa correndo até o quarto procurando seu celular que estava embaixo do travesseiro.
Procurou nervosa o número do seu irmão no celular. Torcendo para que chama-se.
__ Oi.
Aquele que se passava por seu irmão tinha atendido.
__ Cadê meu irmão?
__ Oi Maninha. __ Nunca mais você o verá, nem adianta tentar procurar. __ Para o seu bem é melhor esquecer isso. Antes que eu me arrependa de ter te deixado ir.
Alice escutou o barulho da ligação sendo desligada, se se sentindo indignada. Como poderia esquecer? Era seu irmão, seu melhor amigo.
O pior é que não poderia contar a ninguém sobre o ocorrido, pois ninguém acreditaria.
Ela pegou uma jaqueta a colocou na mochila, assim como sua carteira e tudo o que julgou ser mais necessário e desceu as escadas voltando a cozinha onde estavam seus pais.
__ Mãe posso pegar teu carro?
__ Agora filha? Não vai nem almoçar?
__ Sim mãe, por favor.
Seu pai parou de comer a olhando ja chateado com a futura resposta de sua esposa, a achava liberal demais e ao contrário dele não pegava no pé dos dois filhos.
__ Tá bom filha.
Respondeu sua mãe.
__ Onde pretende ir?
Perguntou seu pai curioso.
__ Deixe a menina Alfredo.
__ Está bem Laura, mas eu sou homem e não tive essa liberdade toda.
Ela respirou fundo como sempre fazia antes de lhe dar um sermão.
__ Só porque teus pais não te deixavam ter uma vida não quer dizer que tu também precisa fazer isso com nossa filha.
Alice saiu de fininho enquanto os dois estavam distraídos discutindo. Entrou no Opala azul de sua mãe e saiu dirigindo até a cidade onde tinha estado no dia anterior.
Parou para abastecer depois de horas de viagem pela estrada.
Entrou na estrada de chão batido onde lembrava que a cópia de seu irmão tinha entrado.
A casa estava toda fachada, sem sinal de carro.
Ela se aproximou da porta e bateu três vezes, mas nada de alguém atender. Tentou abrir a porta, só que estava trancada.
Caminhou em volta da casa e para sua sorte uma das janelas estava destrancada. Olhou em volta se certificando que ninguém estaria olhando, mas só tinha árvores.
Entrou pulando a janela, mas quando chegou até a sala onde estava o espelho ele já tinha sumido, assim como o resto, só restava os móveis.
Alice sentou-se na cadeira, colocou as mãos no rosto e começou a chorrar.
Levantou-se e começou a observar os moveis, abriu as gavetas cheias de talheres, abriu o guarda roupas procurando alguma algo que nem sabia o que era.
No guarda-roupas tinha camisas que era de seu irmão, as puxou e atrás das roupas tinha fotos, de várias pessoas, entre elas uma foto de seu irmão.
__ Será que são todos suas vítimas?
Perguntou a si mesma pegando a foto de seu irmão a descolando da parede.