O hipnólogo - CLTS 12

Eu poderia começar contando sobre o meu trabalho, ou de como cometi diversas atrocidades, mas não... Quero começar de uma forma diferente. Você acredita em hipnose? Ou tem interesse em saber como isso funciona? Ou é só mais um que acha a hipnose igual aos desenhos e filmes?

Certo... A hipnose vai muito além disso, e não, ela não irá te transformar em uma galinha ou algo parecido, apenas permita seguir minhas introduções. É como se fosse um GPS, te farei ir a lugares onde quer ir, mas de certa forma, não sabe como chegar. Dada essa introdução, acho que posso começar...

Não direi meu nome, não quero que saibam sobre... Faço isso desde que me conheço por gente. E não, não me arrependo, é apenas um hobbie, se é que me entende.

Comecei esse meu hobbie já tem algum tempo, e como posso dizer sobre ele...? Quer saber? Você logo saberá, não se preocupe, tudo será esclarecido em breve, confie em mim.

Tudo começou com os meus vinte e cinco anos, sempre fui muito aficionado sobre a hipnose, era algo que eu gostava bastante, principalmente por admirar quem a praticava. Vivia vendo vídeos sobre, até decidir fazer alguns cursos. Sabia que poderia usar isso ao meu favor. Tanto para o bem, como para o mau.

No meu caso, para o mau, afinal, foi assim que esse meu hobbie começou, para mim, sempre foi algo normal, e que ao meu ver, não era nada de mais, ou melhor, não era algo brutal e psicopata. Essa é a minha opinião, é claro. Mas não cabe a mim decidir o que isso de fato é.

Confesso que no começo, eu era um pouco amador, e acabava cometendo alguns erros bobos enquanto tentava hipnotizar algumas pessoas, principalmente familiares. Queria ter a certeza de que conseguiria usar isso para algo maior. Por isso, precisei de algumas cobaias para essa minha experiência.

Sei que deve estar se remoendo, tentando adivinhar o que fiz durante esse tempo todo. E como havia dito... Precisava que as pessoas se permitissem ser hipnotizadas, e não são todos que confiam cem por cento em algo assim.

Por isso, precisei pensar durante um bom tempo sobre, e como atrair pessoas curiosas e que se permitiriam a isso. Foi um pouco demorado, mas com o tempo, consegui o que queria. Não quero entregar assim, de bandeja... Seria fácil demais, mas logo irei chegar ao ponto chave do que quero dizer.

E o que fiz com essas cobaias? Ah, nada demais... Apenas quis testas minhas habilidades sobre a hipnose, chegando à conclusão de que, tudo estava caminhando como o meu planejado. Não, não fiz nada sério ou grave, e que fosse prejudica-las. Eu apenas quis ter a certeza de que tudo estava começando a caminhar, e para a minha sorte, sim.

Por diversas vezes, algumas pessoas vinham até mim, perguntando como isso funcionava e se de algum modo, poderia ajuda-las em algum trauma. Nunca fui tão inocente, muito menos bobo. Com isso, acabava me aproveitando de certa forma dessas pessoas. Como? Simples... Ao invés de ajuda-las, eu as prejudicava, botando um trauma ainda maior sobre elas.

Hipnose nunca foi e nunca será igual aos desenhos ou filmes, vai muito além disso, e quando digo muito mais além, é totalmente além do que você possa imaginar. Nesse exato momento, percebi que eu poderia fazer um grande feito, e que de certa forma, fosse me ajudar financeiramente.

Já com os meus trinta anos me declarei um hipnólogo profissional, e que já tinha uma grande maestria sobre a hipnose. As pessoas me procuravam aos montes, mas nenhuma delas sabia sobre o meu uso da hipnose para o mal. Nunca fui inocente, exatamente como eu havia dito antes.

Posso dizer que, muitas pessoas se distanciaram de mim, justamente pelo o que eu faço, mas como já disse, não me arrependo, é algo que gosto, algo que tenho o maior prazer de fazer. Muitos irão me julgar como psicopata ou um sádico maluco que não tem coração.

E quem disse que ligo para isso? Apenas faço o meu trabalho e ganho muito bem, por isso, não me arrependo. Mas vamos ao o que interessa... Acho que já enrolei demais e não contei quase nada. Não precisa se remoer todo por isso, logo irá saber, isso eu garanto, e no fim, te darei total liberdade de me julgar ou não... Isso fica ao seu critério, ok?

Era manhã, quando vejo um grupo de crianças brincar em frente minha casa, apenas as observei cautelosamente, mas no fundo, senti a necessidade de fazer algum tipo de maldade com elas. Olhei para todas as direções, assim, me certificando de que não estavam acompanhadas de ninguém. Fui me aproximando, como quem não quer nada... De início, deu certo, nenhuma delas havia desconfiado.

Até que, dois garotos começaram a me olhar um pouco desconfiados, mas eu também teria olhado. Já que um desconhecido estava se aproximando aos poucos e sem dizer uma única palavra sequer, o que era no mínimo estranho. Por fim, decido falar com todos ali.

Depois de meia hora conversando com eles, finalmente contei que era hipnólogo, que perguntei se tinham curiosidade para saber como funcionava. E como criança é um bicho inocente, aceitaram o meu convite, para minha total sorte. Continuei olhando pelo lugar, só para ter certeza de que ninguém fosse aparecer por ali, mas ainda assim, ninguém apareceu.

Chamei aquelas crianças para irem até a minha casa, que ficava do outro lado da rua, e com toda a inocência do mundo, não questionaram nada, apenas me seguiram, como se eu fosse dar doces ou guloseimas para elas. Mal sabiam o que as aguardava ali.

Logo que chegamos, todos correram para a sala, onde eu costumava ficar e fazer minhas hipnoses. Me sentei em minha poltrona, enquanto as crianças, se sentaram em um sofá, que ficava de frente para mim. Exatamente naquele momento, duas das crianças perguntaram o que eu faria com elas. Disse que as hipnotizaria, para que assim, vissem que não era nada demais.

Para a minha surpresa, um dos garotos ali presente, quis se voluntariar, e mostrar que não tinha medo daquilo, muito pelo contrário... Mostrou muita coragem. De início, comentei como as coisas iriam funcionar, feito isso, iniciei o procedimento.

Me levantei daquela poltrona e deixei que o garoto sentasse nela, olhei fixamente em seus olhos, que pareciam determinados. Seu semblante era confiante e sério, querendo ou não. Em questão de segundos, apaguei o garoto completamente. Todos que estavam ali, ficaram impressionados, mas demonstraram um certo medo no final, o que era totalmente normal, principalmente para crianças iguais a elas.

Fiz toda uma encenação naquele momento, para que elas ficassem ainda mais surpresas com as minhas habilidades, até que por fim, hipnotizei aquele garoto. Fiz com que ele enxergasse seus amigos como palhaços, o garoto tinha medo, não riu em nenhum momento sequer, apenas gritou e gritou. Olhei para as crianças e sorri, segurei o garoto e o fiz voltar ao normal. Assim que saiu do transe, perguntei se lembrava de algo, o garoto diz não lembrar de nada, apenas de que estava deitado na poltrona e apagou.

Todas aquelas crianças, ficaram admiradas, e uma a uma, foi querendo ser hipnotizada, mas como eu usava minhas habilidades para o mal, dessa vez, não seria diferente. As hipnotizei, fazendo cada uma delas adormecer, por fim, as amarrei e coloquei em meu porão. E lá vem a melhor parte, que ainda não havia mencionado.

Eu as hipnotizava nada mais nada menos, para serem vendidas ao mercado negro, e terem seus órgãos vendidos. Dias se passaram e fiz isso com mais e mais crianças, sem deixar nenhum tipo de suspeita. Sempre atacava quando ninguém estava vendo, não queria ser pego.

Ganhei muito dinheiro fazendo isso, confesso, e é algo que farei até meu último dia de vida. Por que nunca fiz com adultos? Pelo simples fato de serem totalmente espertos e receosos. E como disse, você precisa se permitir ser hipnotizado. Como criança é um bicho totalmente inocente, é claro que se permitiriam a isso.

O caso mais complicado que tive, foi de um casal de irmãos, ambos deviam ter por volta de dez ou onze anos, não me recordo bem. Eles viviam nas redondezas do meu bairro. Sempre os observei brincando com seus amigos por ali, mas notei que eles nunca se separavam de jeito algum. Chegava a ser engraçado.

Dado pelo menos duas semanas, resolvi me aproximar, como fiz com todas as outras crianças, mas dessa vez, foi diferente. Por que? Justamente por terem questionado minha presença ali. Como eu não era bobo e nem nada, fiz um joguinho com eles, tudo para que caíssem em minha lábia.

Custei um pouco para conseguir, mas finalmente consegui a atenção dos garotos, perguntando se ambos acreditavam em hipnose, e para a minha surpresa, disseram que sim, mas que tinham medo. Expliquei como realmente funcionava, e que de certo modo, não precisavam sentir medo.

Com muito esforço, consegui leva-los até minha casa, deixando-os bem à vontade por ali, não queria assusta-los, muito menos que fossem embora. Conversei com o casal de irmãos por um bom tempo, até que ganhasse sua respectiva confiança naquele momento, caso contrário, tudo iria por água abaixo, e não era isso o que queria. Não podia vacilar de jeito nenhum.

Olhei para ambos, que estavam bem ociosos e receosos o tempo todo, até que por fim, decido mostrar minhas habilidades. Chamei o garoto para se sentar em minha poltrona, e em poucos minutos, ele estava em transe, fiz com que ele conseguisse ver uma enorme taça de sorvete em sua frente. O que foi deveras engraçado, sua irmã se assustou, mas logo seu semblante mudou, rindo em seguida.

Segundos depois, o tirei de transe, perguntando se lembrava de algo, o garoto diz não lembrar de nada, além de ter deitado na poltrona. Sua irmã ainda ria bastante, fazendo seu irmão ficar confuso e sem saber o que estava rolando por ali.

Comentei que ele havia sido hipnotizado por poucos segundos, mas que já havia voltado a si. O garoto se surpreendeu, por fim, fomos interrompidos pela garota, que dizia estar na hora de irem embora.

Aquilo só iria me atrapalhar ainda mais, precisava apagar os dois o mais rápido possível. Olhei para ambos, já no sofá, e com sorriso no rosto, disse para não se preocuparem, pois ainda estava cedo. Eles se entreolharam e com um ar receoso, foram levantando aos poucos.

Vendo-os levantar, suspirei baixo, mas ainda tinha uma última carta na manga, todo hipnólogo, ao hipnotizar alguém, faz algum gesto, como se fosse um gatilho. O meu, eram estalos, e assim que os garotos levantaram, estalei os dedos, fazendo-os entrarem em transe no mesmo instante.

Me aproximei de ambos, os observei atentamente, rindo ao final, pois seriam uma ótima mercadoria e ganharia uma boa grana com eles. Tratei de amarra-los e leva-los para o porão, assim como as outras crianças. Ali, as mantinha em cativeiro, mas como tinham altas demandas de pedidos, eu me livrava delas rapidamente.

Os joguei no porão, como se fossem sacos de arroz, como se para mim, não valessem nada. Eu só queria o dinheiro, isso sim, era importante para mim, de resto, eu não me importava muito, se é que me entende...

Dias se passaram, notei que no jornal, estava tendo muitas notícias de crianças desaparecidas, e me orgulhei de saber que esses desaparecimentos, se tratavam de mim. Me senti deveras orgulhoso por cada feito meu, por cada conquista ali feita.

Mas a pergunta que não quer calar...Será que no fim, eu fui realmente um monstro...? Ou apenas fui ganancioso...? Fica ao seu critério. Como disse... Eu não me importo, e não me arrependo...

Tema: Hipnose.

B Folk
Enviado por B Folk em 21/07/2020
Reeditado em 08/08/2020
Código do texto: T7012564
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