A REENCARNAÇÃO DO MAL
Neste ínterim já não ouso,
Estar em minha própria faculdade
Internado na clínica de repouso
Perdi com o tempo toda sanidade
Conto-lhes essa confissão,
Que ocorrera há pouco tempo atrás
Do diabo tive a confirmação
Daquilo que me retirou senão a paz
Pois bem, tudo se evidenciou
Quando ao ápice de toda puberdade
Minha esposa enfim engravidou
Tornando-se isso imortal fatalidade
Implorei-a para assim pensar,
Sobre o nascimento da futura criança
Quando optamos por abortar
Aquele fruto desta nossa insegurança
Correram-se os anos e sempre fora,
Após um luto quase inveterado
Estávamos dispostos senão agora,
A termos um herdeiro honrado
Nove meses de gestação segura,
Nascera esta santa esperança divina
Um menino de doce formosura,
Mas o destino assegurou minha sina!
Cada dia se passava com calmaria,
E meu filho crescia lentamente,
A paz e toda nossa próspera alegria
Só enganava meu consciente!
Ao completar sete anos começaram
As atitudes tão anormais,
Os psicólogos então se enveredaram
Pelos distúrbios emocionais
A tranqüilidade seria uma mera ilusão
Meu filho era uma besta,
Causando na imagem terrível mutação
Parecia a pária do capeta!
Cometia atrocidades com os animais
Enforcara o gato na cruz,
Tendo os distúrbios não convencionais
De dia esquivava da luz
Certa manhã nesta sua traquinagem
Interroguei-o com prontidão,
Para parar com toda a malandragem
E a falta de tanta consideração
-Diga-me filho porque essa maldade
Justamente com seus pais,
O que fizemos para tua infelicidade
Para já não termos a paz?
Ele fitou-me com seus olhos crispados,
Olhou em meu semblante furioso,
Juntou as mãos e os dedos cerrados
Lançou-me seu olhar vitorioso
- Meu pai a tua simples danação,
Foi você mesmo que escolheu,
No passado o aborto foi à opção
Aquele feto abortado era eu!