O espelho dourado

Era um dia muito chuvoso, as gotas de água caiam de forma brusca sobre o capo do carro de Tafael enquanto ele e sua irma Alice iam para a casa dele.

Aquele seria o primeiro reencontro deles depois de meses sem se verem, pois Tafael quis morar em outra cidade e não voltou mais para visita-la.

Tafael estacionou o carro em uma casa bem afastada da cidade, com uma grande quantidade de árvores por perto, era quase um labirinto a entrada para a casa onde morava.

Os dois saíram do carro correndo até a varanda como tentativa de não se molharem tanto, era uma linda casa branca em um lugar bem tranquilo.

Tafael abriu a porta e entrou esperando que ela entrasse também.

__ Senti muito tua falta.

__ Eu sei, não ficaremos mais tanto tempo afastados.

Tafael usava uma camiseta social com as mangas arremangadas e Alice olhando seu braço percebeu algo curioso.

__ O que aconteceu no seu braço?

Perguntou intrigada apontando para o seu braço.

__ Como assim?

__ O que aconteceu com a tua cicatriz?

__ Eu fiz um tratamento pra tirar.

__ Nossa, deu muito certo.

Disse pegando seu braço o analisando, pois era uma cicatriz profunda que tinha adquirido ainda na infância.

__ De uma olhada na casa, já volto.

Alice caminhou e começou a escutar uma voz.

__ Aqui Alice. __Estou aqui.

Parecia ser a voz de seu irmão, mas ele tinha ido para o outro lado. Caminhou mesmo assim até perceber que a voz parecia vir do espelho.

Quando ela olhou o espelho de moldura dourada lá estava seu irmão fazendo sinal para que ela ficasse quieta.

__ Não deixe ele me ver falando contigo.

__ Isso é um truque.

__ Não, ele é um metamorfo e me trancou aqui de alguma forma, faz mais de meses.

Isso explicava o sumiço e as desculpas esfarrapadas.

Ela pensou em seu braço e as peças começaram a se encaixar no quebra-cabeças.

__ O que faço?

__ Vá embora antes que ele te faça a próxima vítima dele, rápido.

__ Eu vou te tirar dai.

Quando Alice se virou levou um susto de ver a criatura com o corpo do seu irmão, só que agora tinha um olhar feroz.

Um medo tremendo tomou conta dela e começou a gritar prevendo o seu destino junto ao irmão.

Silvana da Cunha Roloff
Enviado por Silvana da Cunha Roloff em 19/07/2020
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