A VISITA SINISTRA
Vejo um homem na janela
No escuro imerso nas sombras
Olhando bem detrás dela
Vejo a imagem que assombra
Quem seria esse velho senhor
Sentado me observa surpreso
Será um ladrão ou um salteador
Que no passado não foi preso?
Convidei-o para se aproximar
Próximo a chama da fogueira
A ele um diálogo quis começar
Próximo ao divã da cabeceira
Vestia um casaco antiquado
De um século ou meio atrás
Nas mãos a bengala apoiado
Em relevo escrito: Aqui Jaz
Tinha poucos cabelos grisalhos
Seus lábios estavam endurecidos.
Os sulcos no rosto eram falhos
E possuía os dedos enrijecidos
Os lábios pareciam transparentes
Com um crânio alto protuberante
Da boca os dentes envolventes
Tornaram-no um senhor falante
-Não se preocupe meu querido,
Disse-me com voz entrecortada,
- Da noite fiz o próprio abrigo,
Expirou-me da vida a jornada!
Dito estas palavras o velho sumiu
Como uma pluma levada no vento
Talvez pulara da janela ou fugiu
No espanto causou-me tormento
Mais tarde eu enfim soubera
Que nesta casa ele viveu,
Por meio de uma jovem bela
E nela também morreu