TERROR FRIO

Um conto de horror de

LÊNIN DANIEL MAKI MENEGASSI

(Lendmam)

Lá estava eu, sentado no sofá, me recordando da minha vida na Dinamarca e a hipocrisia da minha expulsão por meus pais. Até que meus pensamentos foram cortados por uma lembrança de hoje, que era de que as 16:00hs, estava no supermercado Brugseni e sem querer esbarrei em um homem e derrubei vasos de vidro caríssimos de 100 mil coroas dinamarquesas

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Ele falou, sem mais nem menos que iria me matar, achei que era apenas um ato repentino que acontecera, mas logo vi ele me seguindo, e com medo fugi com meu carro rapidamente. Apesar de ter que voltar à Dinamarca para me recompor, amanhã pensei em fugir para Kangerlussuaq para ir à Dinamarca com o aeroporto local.

Mas, tentei esquecer e só agora me lembrava disso. O medo era miúdo porque não vira mais o homem, porém o aumento foi repentino quando alguém batera na porta, obviamente não atendi e saí pelos fundos com malas prontas e sai desesperadamente até a quase fechada Groelandbanken, peguei 7500 coroas dinamarquesas e retornei sentido leste com cautela quando passei na travessa que morava a Aqqartafik, rapidamente com passos largos passei dos limites da cidade.

Quando parei e suspirei vi a ideia estupida que tive, mais certeza tive quando pensei que poderia ter algum vôo no aeroporto do meu assentamento /cidade de Sisimiut, mas minha mudança de ideia foi veloz com a minha olhada para a cidade e ver alguém vindo de da DogTown nos limites da cidade, corri extremamente veloz sobre montanhas e morros de gelo, ao parar por três segundos vi novamente uma silhueta de um rapaz, mas com um facão, assim, corri novamente ainda mais rápido.

Quando cheguei no assentamento da cidade, fui diretamente ao hotel da cidade Oldcamp, paguei a noite com 200 coroas dinamarquesas e pedi que fechassem por causa que tinha maluco a me perseguir. O cansaço de correr 40 kms aproximadamente em 2 horas venceu o medo e preocupação e dormi.

Despertei cedo, e sem tomar café da manhã, andei normalmente observando cada uma das esquinas que passei, comprei a passagem para um vôo sem parada para a Dinamarca que chegaria em 15 minutos e ao entrar pensei em dormir e finalmente relaxar, mas, quando minhas pálpebras estavam a um milímetro de fechar o mesmo homem apareceu, mais uma vez corri, desta vez ao banheiro e tranquei-me lá.

Apesar de saber que as aeromoças sempre verificavam os banheiros antes do vôo por sorte não foi assim o ocorrido, mas não era possível pensar em outra coisa além de como sairia dali. Esta pergunta ficava na minha cabeça o tempo inteiro e meu coração quase saiu pela boca quando bateram na porta do banheiro. Pela brecha da porta vi o mesmo homem e pior faltava 5 minutos para a chegada do avião em Copenhague. Respirei e esperei, quando fui obrigado a abrir a porta, nada havia alí. Felicidade surgiu, porém, com mais medo e pavor com a pergunta: onde ele está?

Saí do avião e fui direto para o meu hotel, o Zleep Hotels e ao chegar pesquisei no meu notebook sobre este homem. Havia um site que registrava fatos ocorridos no assentamento. De imediato, nada encontrei. Então fui a um site de notícias antigas da Groêlandia. Na aba de 1991, apareceu entre as últimas notícias “rapaz é encontrado morto após três anos desaparecido”. Meu coração gelou e minha respiração parou por alguns momentos quando olhei para uma foto antiga que havia logo abaixo das palavras. Fiquei aterrorizado e não acreditava no que via. Achei que estava me enganando, que era ilusão da minha mente. Havia uma foto do mesmo rapaz que vinha me perseguindo este tempo todo. Fechei a aba do site e fui tomar água. Tive que voltar para me certificar se não estava ficando louco. Abri novamente o site.

A notícia falava que ele foi encontrado na região onde a Brugseni (o supermercado) ficava. O meu pavor só aumentava quando soube que ele foi enterrado próximo do aeroporto de Copenhague, na Dinamarca. Com isso, o pavor, o medo e a angústia subiram ao máximo. Ao me virar de desespero, ele apareceu bem na minha frente e falou: “você derrubou minhas cinzas”.

fim

São Paulo, 30 de junho de 2020