A Rodovia da Morte

Época atual

Um homem foi preso porque simplesmente matou a esposa e os dois filhos com um revólver calibre 38 que ele usava para se defender de assaltos. Assim que o assassino chegou à delegacia, um repórter perguntou:

- Por que o Senhor matou a sua família?

Visivelmente muito assustado, aos prantos e com olhos esbugalhados de terror, o homem respondeu:

- Eu não sei, alguma coisa dominou a minha cabeça. É como se fosse uma coisa demoníaca. Simplesmente me deu uma vontade tão grande de matar a minha mulher e meus filhos, que era como se não fosse eu.

- Mas o Senhor estava brigado com a sua família? Como começou a rixa? O Senhor e sua mulher discutiram antes disso?

- Não! NÃO! Você não está entendendo! Eu amo a minha mulher! Eu amo os meus filhos! É como se não fosse eu! Como se um demônio tivesse entrado em mim e fizesse isso, entendeu? Eu nunca briguei com a minha mulher! Eu AMO os meus filhos! Eu nunca faria isso!

- Então por que o Senhor o fez?

- Eu estou tentando explicar, que NÃO FUI EU! Foi um demônio ou coisa assim! Alguma coisa do mal! Tem alguma coisa muito maligna naquela rodovia! Alguma coisa entrou em mim e matou a minha família, como se fosse eu! Será que você não entende?

O repórter então virou para o delegado e perguntou:

- O que o Senhor acha Senhor Delegado?

- Tem esperto pra tudo! Até pra pôr a culpa no tinhoso. Sabe-se-lá qual é o verdadeiro motivo, já que ele não quer falar e tá se fazendo de santinho com essa de que foi possuído.

E então o pobre homem foi condenado por homicídio doloso premeditado e porte ilegal de arma a 30 anos de prisão. No dia seguinte, o recém condenado amanheceu morto na cela e o Delegado disse aos seus superiores que ele foi morto pelos outros presos, quando na verdade, ele foi morto por um espírito do mal.

Aquele delegado na verdade sabia muito bem que aquele homem era inocente, mas tinha que manter em segredo o que sabia. Naquela noite, o Delegado teve o mesmo pesadelo de todas as noites desde quando registrou dois suicídios consecutivos no mesmo dia, naquele mesmo trecho da Rodovia. Um homem cinqüentão, trajando calça social, botas de couro, chapéu estilo sertanejo, camisa social xadrez azul e cinza, cinto de couro, usando um bigode típico dos anos 40, olhos vermelhos e incandescentes, apareceu no sonho e disse:

- Muito bem, Delegado. Que bom que o Senhor gosta de cumprir minhas ordens.

- Suando frio, o Delegado respondeu:

- Estou sempre à disposição, meu amigo.

- Então a tua família vai continuar viva. Mas se me contrariar, já sabe!

Aterrorizado, o Delegado respondeu com voz tímida e gentil:

- Pode deixar meu amigo. Isso nunca vai acontecer.

Com um jeito rústico e arrogante, o espírito maligno disse:

- Que bom! Agora estou indo embora. Amanhã vou precisar de você outra vez.

Ano de 1942

Um jovem casal fazia amor escondido das respectivas famílias. Dez horas da noite era um horário em que na época era considerado muito tarde, um horário em que todos estavam dormindo. Dentro de um pequeno bosque, que ficava na beira de uma estrada deserta, aos prantos uma jovem de 19 anos dizia ao seu amante, que tinha seus tenros 16 anos de idade:

- Estou muito arrependida pelo que fizemos! Não só pelas conseqüências do que vai ser da minha vida de hoje em diante, mas também pela brutalidade em que invadiste o meu corpo, sem se importares com os meus gritos de dor! És um animal! E deverias viver em um canil!

Friamente, o adolescente respondeu:

- Senti um prazer descomunal pelo que fizemos! Deveríamos doravante nos encontrar para fazer isto todas as noites.

- Estás louco? Quase me mataste de dor e ainda achas que vou consentir com que faças toda esta brutalidade em mim outra vez? Perdeste o juízo de vez!

Neste momento, o jovem casal ouve os passos de alguém se aproximando. O pai da jovem ex-donzela estava a procurando. O homem carregava consigo uma espingarda para acertar qualquer inimigo ao longe e um revólver para caso surgisse uma onça ou um cachorro do mato no meio daquele extenso caminho de terra com matagal dos dois lados. Ao adentrar um pequeno bosque e ver a sua filha aos prantos, com a saia e a calçola caídas ao chão e aquele jovem rapaz perto dela abotoando a calça, o pai da ex-donzela não teve dúvidas, apontou a espingarda na cabeça do menino e atirou. O jovem caiu morto e a namorada dele deu um grito de pavor:

- IIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIiiiiiiihh!!

Logo em seguida, o cinqüentão apontou para a cabeça da filha e disse:

- Só vou perguntar uma coisa. Ele te estuprou ou você consentiu com esta safadeza contra a tua própria família?

Aterrorizada ao ver o seu amado morto bem na sua frente, a jovem não conseguiu mentir e com lágrimas nos olhos, ela disse gritando de medo:

- Eu consenti papai!

Sem dar a chance de a jovem dizer mais alguma palavra, o homem puxou o gatilho, matando-a instantaneamente. Ao ver a sua filha caída ao chão, com a cabeça aberta pelo projétil de sua arma, o homem pôs se a chorar e gritou:

- MEU DEUS! O QUE FOI QUE EU FIZ!? MINHA FILHA!!

Então o sujeito pegou o revólver o deu em si um tiro na cabeça, caindo morto.

Desde então, misteriosas mortes, acidentes sem nexo e suicídios sem explicação começaram a ocorrer nos arredores daquele pequeno bosque, onde hoje seria uma suntuosa rodovia, conhecida popularmente como a Rodovia da Morte.

Eduard de Bruyn
Enviado por Eduard de Bruyn em 30/06/2020
Código do texto: T6992015
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