215 - As Gémeas
Enamorara-se porque ele parecia nada ter a ver com aquele mundo fechado de trabalho sem folgas. Vinha com o Táxi e falava das Américas e da Europa, disse-lhe que Ariano Suassuna escrevera o Auto da Compadecida e tim tim por tim tim lho contara, disse da nova cidade que saíra dos sonhos de um tal Oscar Niemeyer e outra vez a levou onde nunca as suas ideias de aldeã chegariam. Falavam, beijavam-se, aprendia. Quando se assustou a ouvi-lo contar o filme da moda, Psico, de um grande realizador que era Alfred e o sobrenome começava por Hitch qualquer coisa decidiram que era tempo de se amarem sem medos nem reservas. E, combinado tudo previamente, ele apareceu na hora e data que o velho pai das duas, agendara. Pareciam iguais, estavam como de costume vestidas da mesma maneira e ambas foram chamadas à sala onde o pretendente haveria de escolher entre Marília e Ofélia. Ele queria a que já lhe sabia os segredos, mas assim, na aflição em que estava, acanhado com o cerimonial da escolha, ficou parado e, com ele, todos imóveis esperavam a resposta. Nenhuma tinha licença para falar mas, temendo o engano, Marília tossiu e ele, afoito, decidiu. Quero a da direita, Marília, para minha esposa. E o Velho, ergueu-se da cadeira pegou pelo braço daquela filha e entregou-a ao Homem.