AO MAR...
Lembro-me das advertências ancestrais
De navegar pela vastidão oceânica
Daqueles seres considerados elementais,
Na minha loucura assim epifânica
Sonhei então em conquistar o mar aberto,
Com um tropel de rudes marujos
Mas a natureza havia de manter desperto,
Os parasitas e mortais caramujos
Tive ao iniciar a viagem certa impressão,
Que nas profundezas deste mar,
Ressurgiria das águas estranha maldição,
Dispostos a somente nos matar!
A brisa fria de uma geleira bem nórdica
Balouçava este débil navio,
Nos mares espreitava a criatura sórdida
Viva neste oceano tão frio!
Aos poucos senti o oceano ficar revolto
E as ondas tornarem-se espessas,
O mastro frágil quebrou-se e agora solto
Navegávamos sem ter as certezas
De retornar em alguns meses aos lares,
No silêncio mortal o vento ulula,
Quando vi tentáculos saindo dos mares
Nos olhos gris d’uma grande lula!