O TÚMULO
Espíritos levantam-se das tumbas
Posso ver os seus dedos,
Neste céu escuro que me afundas
O horror de tantos medos
Eu enxergo suas mãos se erguendo
Saindo dos caixões lacrados
No pânico meu corpo vai tremendo
Debatendo-se pelos lados!
Fugindo sinto a perna tão dormente
O ar nos pulmões parece faltar
Vejo vultos dançando calmamente
Deste pesadelo preciso acordar
Alguém me segue dentre estas valetas,
Tenho essa ligeira impressão,
Talvez sejam alguns malignos capetas
Que virem cumprir sua missão
Aturdido esbarro entre certas cruzes,
Que brilham diante deste luar,
Nuvens negras escondem tais luzes
O caminho que devo retomar!
A névoa encobre toda minha visão,
Tudo é disforme e aparente,
Quando o pavor da morte ao portão
Já se defronta em sua mente!
Tudo que eu fiz foi apenas o cúmulo
Da ganância de querer violar,
D’um falecido esse sagrado túmulo,
Para algo eu querer só furtar!