O FANTASMA DA PERDIÇÃO

Sinto arrepios pelo corpo inteiro

Talvez seja outra doença,

Vejo os fios negros no travesseiro

Em uma frágil convalesça

Espero que tudo isso se esqueça

Mas há um fétido miasma,

Um vulto com a retorcida cabeça

Fitando-me! É o fantasma!

Seus dedos me parecem serem lisos

Percorreram todo o corpo,

Ouço da voz esses diabólicos risos,

E na morte não está morto!

Estou sozinho neste meu quarto,

O ar gélido está bem frio,

Da parede cai esse velho retrato,

Esse medo fragiliza o brio

Mas percebo uma paz tão materna,

Sob o luzir desta aparição,

Seria isto o anúncio da vida eterna?

Ou o desatino da maldição?

Ouço a voz dizer que ainda me ama

E profere frases chorosas,

Esse espírito sobrevoa minha cama

Nas formas tão vaporosas?

Derrubara uma taça de champanhe,

Da noite em formosura,

Reconheci: a alma era minha mãe,

Que voltou da sepultura!

rodrigokurita
Enviado por rodrigokurita em 23/05/2020
Código do texto: T6956012
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