O FANTASMA DA PERDIÇÃO
Sinto arrepios pelo corpo inteiro
Talvez seja outra doença,
Vejo os fios negros no travesseiro
Em uma frágil convalesça
Espero que tudo isso se esqueça
Mas há um fétido miasma,
Um vulto com a retorcida cabeça
Fitando-me! É o fantasma!
Seus dedos me parecem serem lisos
Percorreram todo o corpo,
Ouço da voz esses diabólicos risos,
E na morte não está morto!
Estou sozinho neste meu quarto,
O ar gélido está bem frio,
Da parede cai esse velho retrato,
Esse medo fragiliza o brio
Mas percebo uma paz tão materna,
Sob o luzir desta aparição,
Seria isto o anúncio da vida eterna?
Ou o desatino da maldição?
Ouço a voz dizer que ainda me ama
E profere frases chorosas,
Esse espírito sobrevoa minha cama
Nas formas tão vaporosas?
Derrubara uma taça de champanhe,
Da noite em formosura,
Reconheci: a alma era minha mãe,
Que voltou da sepultura!