A AVE MALDITA

Vai negra ave, porém maldita

Lançar teus agouros como as traças

Teu gracejar é a palavra dita,

O prenúncio mórbido das desgraças!

Maldito! Nem ao leito da morte,

Tivera sequer uma fúnebre compaixão

Voa-te que a minha pútrida sorte,

É o infortúnio desta profunda maldição

Vejo minha filha desfalecendo,

Aquele olhar vivo perdendo todo o viço

A diabólica ave se contorcendo,

Como quisera dar-te seu último sorriso

Não morra meu anjinho de luz

Que eu açoitarei esta agourenta criatura

Farei esta ave carregar tua cruz,

E morrerá asfixiada nesta tua sepultura!

Um último suspiro então gemeu

Quando enfim acabara aquela agonia,

A ave em pavor apenas debateu,

As asas com a infâmia de sua alegria!

A voz das trevas ecoava na sala

Neste gralhar diabólico do negro estorvo

Esganei-o e enterrei-o numa vala

No agouro infernal: Este satânico corvo!

rodrigokurita
Enviado por rodrigokurita em 22/05/2020
Código do texto: T6955107
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