A VISITA MORTAL

Vagava por uma noite solitária

Avistei distante a coisa me seguindo

A sombra envolta na mortuária

Com passos calmos viera surgindo!

Emergido nas trevas do negrume

As roupas envolvidas nesta mortalha,

O vento pestilento como perfume

Acossando-me diante d’uma muralha!

Sinto o coração palpitar na angina

O rosto em suor se banhava

Esse vulto negro cortava a neblina

Meu corpo no horror gelava

Um calafrio subiu-me a espinha

Toda a respiração se tornou ofegante

Quem é a sombra que caminha

Neste vento gélido e bem congelante?

Fitava-me em um satânico olhar,

Assustando minha alma quase benévola

Tentando meu espírito usurpar,

Com a sua diabólica presença malévola

Saindo das sombras escuras,

Vi esta visão que apenas me emudecia,

Tinha no olhar trevas impuras

Rindo daquilo que nunca em vida cria

Correndo com os pés afundados na areia

Sentindo ricochetear o coice

Pela névoa pálida zombava essa caveira

Empunha na mão uma foice

Os olhos ardiam transfigurados

Pressenti o bafejo desta maligna sorte

Os sinistros lábios desfigurados

Disse:- Vim te buscar. Sou eu a morte!

rodrigokurita
Enviado por rodrigokurita em 22/05/2020
Código do texto: T6954907
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