A VISITA MORTAL
Vagava por uma noite solitária
Avistei distante a coisa me seguindo
A sombra envolta na mortuária
Com passos calmos viera surgindo!
Emergido nas trevas do negrume
As roupas envolvidas nesta mortalha,
O vento pestilento como perfume
Acossando-me diante d’uma muralha!
Sinto o coração palpitar na angina
O rosto em suor se banhava
Esse vulto negro cortava a neblina
Meu corpo no horror gelava
Um calafrio subiu-me a espinha
Toda a respiração se tornou ofegante
Quem é a sombra que caminha
Neste vento gélido e bem congelante?
Fitava-me em um satânico olhar,
Assustando minha alma quase benévola
Tentando meu espírito usurpar,
Com a sua diabólica presença malévola
Saindo das sombras escuras,
Vi esta visão que apenas me emudecia,
Tinha no olhar trevas impuras
Rindo daquilo que nunca em vida cria
Correndo com os pés afundados na areia
Sentindo ricochetear o coice
Pela névoa pálida zombava essa caveira
Empunha na mão uma foice
Os olhos ardiam transfigurados
Pressenti o bafejo desta maligna sorte
Os sinistros lábios desfigurados
Disse:- Vim te buscar. Sou eu a morte!