O LINGUIÇEIRO

Boa tarde, mas que seja breve,

O interrogatório parece enfadonho

Agora resido em Porto Alegre,

Contarei esse meu relato medonho

Sou por profissão linguiceiro

Minhas carnes tinham gosto especial

Conhecido como açougueiro

Eu já tinha essa perturbação mental!

Antes que eu enfim me esqueça

Mantive em minha casa este cativeiro

Onde com o machado na cabeça

Desmembrava cada corpo por inteiro

Levava suas partes a moenda,

Triturava-os e fazia a gostosa lingüiça

A esposa via a cena horrenda

Sentindo o sabor único que te enfeitiça

Toda a vizinhança se esbaldava

Nas carnes refinas com bom tempero

Sequer sabiam que eu os matava

E eu tornei-me esse seu pior pesadelo

Pois então, senhor delegado,

Esta é a confissão que agora lhe faço

E assim que eu for condenado,

Envolva meu pescoço neste forte laço...

rodrigokurita
Enviado por rodrigokurita em 26/04/2020
Código do texto: T6929290
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