O LINGUIÇEIRO
Boa tarde, mas que seja breve,
O interrogatório parece enfadonho
Agora resido em Porto Alegre,
Contarei esse meu relato medonho
Sou por profissão linguiceiro
Minhas carnes tinham gosto especial
Conhecido como açougueiro
Eu já tinha essa perturbação mental!
Antes que eu enfim me esqueça
Mantive em minha casa este cativeiro
Onde com o machado na cabeça
Desmembrava cada corpo por inteiro
Levava suas partes a moenda,
Triturava-os e fazia a gostosa lingüiça
A esposa via a cena horrenda
Sentindo o sabor único que te enfeitiça
Toda a vizinhança se esbaldava
Nas carnes refinas com bom tempero
Sequer sabiam que eu os matava
E eu tornei-me esse seu pior pesadelo
Pois então, senhor delegado,
Esta é a confissão que agora lhe faço
E assim que eu for condenado,
Envolva meu pescoço neste forte laço...