O CRUCIFICADO

Hoje após a fúnebre ceia,

Agradeço ao diabólico seguidor,

Tanta espera que permeia

A alma deste inevitável traidor!

Esta noite avistei Barrabás

Incitando esses judeus eloquentes

Estava defronte de Satanás

E meus pés presos pelas correntes

Aguardo agora a expiação

Paga com o sangue pela humanidade

Sobrevenha essa maldição

O escárnio para toda essa potestade

Minha alma é indefesa,

Ouço os gritos dentro das multidões

Tornei-me outra presa

Preso nestes pesadíssimos grilhões

Levo nas costas a chicotada

Minha pele descama em carne viva

Na fábula da sina malfadada

Talvez o evangelho não sobreviva!

Eis aqui, eu o Rei sozinho,

Moído pelas sevícias duma tortura

Com uma coroa de espinho

Cavando esta sua própria sepultura

Em breve isso se míngua,

E no calvário meu corpo cravejado

Retorcerá esta seca língua

Com a lança serei outro transfixado

rodrigokurita
Enviado por rodrigokurita em 10/04/2020
Código do texto: T6912466
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