O FAROL

Longe do lar nesta imensidão

Trabalhando em uma ilha distante,

Sendo esses guias de cada viajante

Presos a nossa própria solidão

A vista do mar é inebriante,

No isolamento não existe ternura

Apenas o pesadelo delirante

Que liberta de cada qual a loucura

O álcool me mantém eufórico

Vejo a imagem duma estranha sereia

Neste ambiente claustrofóbico

Esse branquear da lua que se prateia?

Seria esse meu humor cáustico

Que libertaria esta estranha sensação?

De acreditar neste mito náutico

Crendo na apavorante assombração?

Enquanto este mísero velhaco

Dorme com algum medonho segredo

Acordando retira deste buraco,

Certo arpão com furor e muito medo

Algo maligno eu pressentia,

Neste farol em todo silêncio sepulcral,

Aqui meu corpo apodreceria

Impelido por uma energia paranormal

-Que Netuno e toda sua legião,

Quebrem-lhe as tuas pernas assim rotas

Bradava assim o velho ancião,

- Por matar pelo ódio inúmeras gaivotas

Acertou-me com aquela ponta,

Escorreguei e cai um pouco aturdido,

O dedo em riste ao céu aponta,

Essa insanidade havia-lhe possuído!

-Que fazes velho? Quis dizer

- Cave cão maldito sua própria cova

- Enfim virás então a padecer

E irei enterrá-lo nesta minha alcova!

rodrigokurita
Enviado por rodrigokurita em 05/04/2020
Código do texto: T6907428
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