JOÃO E MARIA (A FÁBULA MACABRA)
[haveria decerto a mentira como rábula
porém este conto não seria uma fábula]
I
Eram dois irmãos, Maria e João
Ambos pareciam normais,
A menina previa a premonição,
O menino dons espirituais
Órfãos precisavam do sustento,
Não tinham parentes e nem familiares
Isto lhes causa tanto sofrimento
Quando já percorreram diversos lares
Moravam em uma cabana,
Até presenciarem algo sobrenatural,
Das trevas algo se emana,
A legião maligna de todo nosso mal
Salvos por um caçador,
Encontraram na mata uma moradia,
Pelo ar o adorável odor,
De bolo em suas narinas enternecia
Naquela casa bem adiante
Dentro da floresta tão claustrofóbica
Via-se a senhora e avante
Pediram refúgio a criatura diabólica
II
A velha lhes ofereceu comida
Até uma cama decente para se dormir
Não notaram nessa homicida,
O horror que ainda estaria por surgir!
- Maria, farei em ti as tranças,
Enquanto João se deleita em sua gula
Adoro devorar novas crianças
E depois enterrá-las na rasa sepultura
Neste momento a clarividência
Permitiu a Maria pressentir esse perigo
Ocultou uma faca na sapiência
E disse a velha: - Venha brincar comigo!
Um olhar diabólico aparecia,
Nos lábios de Maria tão empalidecidos
A adrenalina no corpo corria,
E seus dedos estavam todos enrijecidos
Debaixo da árvore em cinismo
Maria cravou na velha o afiado punhal
- Vede mulher, teu canibalismo
Chegara ao fim com este golpe fatal
O sangue esguichava em jatos,
João observou tudo com certa surpresa
Enquanto apareciam tantos ratos
E devoravam aquela mulher indefesa!