A NAVALHA
Passo certa lâmina pelo pulso,
Certo de que o insano impulso
Viria a uma artéria cortar,
Sangraria então até esvair-se
Toda a angústia de pairar,
Até esse macabro expandir-se!
Não tenho o sono nem fome
Satã conhece-me pelo nome
Já não bebo nem corto o cabelo
A lâmina fria e tão cortante,
Noites insones neste desespero,
Neste pensamento delirante
Forças estranhas na cabeça,
Não permitem que esqueça
As vozes aqui dentro de mim,
Morra! E deixe que essa navalha,
Decrete tua desgraça e enfim,
Na sua pele esta marca se entalha
Não posso deixar de escutar
A frase que vem atormentar
Deixei de lado todo esse remédio,
No sulco da epiderme a navalha
Corta-me no diabólico sacrilégio,
Ao inferno desço como canalha