A MALDIÇÃO DO ESPELHO

I

Matem esse escravo, diz o senhorio

Sem pudor cortem sua virilha,

Quero que neste medo todo arrepio

Sinta por desonrar minha filha

Mantenha-o na cadeira amordaçado

Para que esta tua última jornada

Ao inferno com a mão decepada,

Antes de ser brutalmente espancado

Para finalizar a sessão de tortura,

Ele próprio cave a sua sepultura

Lambuze-o com o mel adocicado,

Deixei-o ser mortalmente picado!

II

Séculos depois no afastado rancho,

Disseram terem visto essa aparição,

O escravo retornou com um gancho

Para vingar-se desta sua condenação

Diga seu nome diante d’um espelho

Cinco vezes seja de pé ou de joelho

Assim se perfaz o mal que emana,

A crendice nesta real lenda urbana

Cada parte de teu corpo retalhado

Sumirá como a sinistra fome,

Daquele que zomba do fato citado

Será outro cadáver sem nome

rodrigokurita
Enviado por rodrigokurita em 31/03/2020
Código do texto: T6902311
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