A MALDIÇÃO DO ESPELHO
I
Matem esse escravo, diz o senhorio
Sem pudor cortem sua virilha,
Quero que neste medo todo arrepio
Sinta por desonrar minha filha
Mantenha-o na cadeira amordaçado
Para que esta tua última jornada
Ao inferno com a mão decepada,
Antes de ser brutalmente espancado
Para finalizar a sessão de tortura,
Ele próprio cave a sua sepultura
Lambuze-o com o mel adocicado,
Deixei-o ser mortalmente picado!
II
Séculos depois no afastado rancho,
Disseram terem visto essa aparição,
O escravo retornou com um gancho
Para vingar-se desta sua condenação
Diga seu nome diante d’um espelho
Cinco vezes seja de pé ou de joelho
Assim se perfaz o mal que emana,
A crendice nesta real lenda urbana
Cada parte de teu corpo retalhado
Sumirá como a sinistra fome,
Daquele que zomba do fato citado
Será outro cadáver sem nome