O POÇO DO PÊNDULO
[adaptado do conto homônimo de Edgar Allan Poe]
Contarei a todos esses meus fatos,
Desta feita não escaparei
Estou em um poço cheio de ratos
E aqui por fim morrerei
Os olhos vermelhos dos roedores,
Fitavam-me nesta escuridão,
Sentirei na carne as minhas dores
Sendo para ele sua refeição
Havia também aqui certos afrescos,
Nas paredes tão horríveis,
As simbologias de rituais arabescos
Quase sempre inexprimíveis
Riam de mim esses malditos padres
Vendo de cima minha situação
Jubilavam em escárnio estas madres
Desta inexplicável condenação
No silêncio mortal apenas ouço,
O barulho da portinhola,
Percebo estar preso em um poço
Pela inquisição espanhola
Estou amarrado e desta maneira
Não consigo me mover,
Preso nesta armação de madeira
Neste lugar irei morrer!
Sinto uma leve brisa enamorada
Arrepiar o corpo inteiro,
De cima vejo uma lâmina afiada
Aproximar-se tão ligeiro
Um grande pêndulo que se movia
Destinava esse meu existir
Aumentando ainda mais a agonia
Nisto que estaria a porvir
Serei retalhado assim por inteiro,
Não há nenhuma escapatória
Eis que a mão do nobre cavaleiro
Salva-me e conto esta história