O POÇO DO PÊNDULO

[adaptado do conto homônimo de Edgar Allan Poe]

Contarei a todos esses meus fatos,

Desta feita não escaparei

Estou em um poço cheio de ratos

E aqui por fim morrerei

Os olhos vermelhos dos roedores,

Fitavam-me nesta escuridão,

Sentirei na carne as minhas dores

Sendo para ele sua refeição

Havia também aqui certos afrescos,

Nas paredes tão horríveis,

As simbologias de rituais arabescos

Quase sempre inexprimíveis

Riam de mim esses malditos padres

Vendo de cima minha situação

Jubilavam em escárnio estas madres

Desta inexplicável condenação

No silêncio mortal apenas ouço,

O barulho da portinhola,

Percebo estar preso em um poço

Pela inquisição espanhola

Estou amarrado e desta maneira

Não consigo me mover,

Preso nesta armação de madeira

Neste lugar irei morrer!

Sinto uma leve brisa enamorada

Arrepiar o corpo inteiro,

De cima vejo uma lâmina afiada

Aproximar-se tão ligeiro

Um grande pêndulo que se movia

Destinava esse meu existir

Aumentando ainda mais a agonia

Nisto que estaria a porvir

Serei retalhado assim por inteiro,

Não há nenhuma escapatória

Eis que a mão do nobre cavaleiro

Salva-me e conto esta história

rodrigokurita
Enviado por rodrigokurita em 25/03/2020
Código do texto: T6896832
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