O NAVIO

Sou um velho e acossado marinheiro

Vivi o infortúnio no alto mar,

Velejando pelo longo mundo inteiro,

Antes da maldição me atacar!

Minha tripulação tinha a boa fartura

Ouvia-se a alegria em cada voz,

Porém condenei-os para a sepultura

Ao matar um irritante albatroz

Foi então que por um marujo alertado,

Entrávamos dentro denso nevoeiro

Por atirar a este pássaro fui condenado

Por essa maldição de um forasteiro!

Navegando pelos mares rumo norte,

Uma sede sem fim começou,

Aquela foi à sina de toda a má sorte

A praga que a ave me rogou!

Um dia após o outro assim viria,

O navio atracado no meio do mar parado,

Não havia comida e essa agonia,

Da fome animal havia nos amaldiçoado!

Água para todos os lados, nada pra beber

Um marujo viu uma nau no horizonte,

Irão nos salvar, aqui não podemos morrer,

Com a pele ressequida da pálida fronte

Mas como se podia aquilo navegar,

Sem correntes, tripulação e sem as velas,

Era a morte que vinha nos buscar,

Eram os fantasmas de antigas caravelas

Duzentos homens caíram ao meu lado

Mortos e consumidos pelo pavor

Cada qual teve esse seu destino traçado

Jaziam com sintomas do horror!

Percebia a maldição em seus olhares,

O feitiço gemendo horripilante,

Sonhando em retornar aos seus lares

Dar um fim ao pesadelo errante!

Adiante um barco pequeno se aproxima

Um ermitão com jovem moço,

Vindo libertar-me desta recorrente sina

Tirar-nos a corda do pescoço!

Agora salvo com alivio eu respiro,

O navio retumbou e afundou na solidão

Resgatou-me da morte meu filho,

Senão agora estaria dentro de um caixão!

rodrigokurita
Enviado por rodrigokurita em 11/03/2020
Código do texto: T6885858
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