A AUTÓPSIA
Acordei e para minha real agonia,
Estão abrindo meu corpo,
Cortando-me sem usar a anestesia
Eu ainda não estou morto
Sinto o bisturi abrindo a epiderme,
A fria lâmina vai me cortar,
Trespassando minha limpa derme
Assim eles irão me matar!
Não sinto os pés nem esses braços,
Tudo parece tão dormente,
Pela pele vejo apenas certos traços
Juro que sou um inocente.
Quem haveria de ser assim sádico
Para efetuar esta autópsia
Apenas um perturbado ou lunático
Em um vivo faz necropsia
Tanto sangue não me sai da vista
E ouço o barulho forte,
O jaleco branco do médico legista
Com a mão no serrote!
Cada órgão do meu corpo analisado
Desde os olhos ao dente torto,
Agora sei por que eu fora sepultado
Há dias estava mesmo morto!