A AUTÓPSIA

Acordei e para minha real agonia,

Estão abrindo meu corpo,

Cortando-me sem usar a anestesia

Eu ainda não estou morto

Sinto o bisturi abrindo a epiderme,

A fria lâmina vai me cortar,

Trespassando minha limpa derme

Assim eles irão me matar!

Não sinto os pés nem esses braços,

Tudo parece tão dormente,

Pela pele vejo apenas certos traços

Juro que sou um inocente.

Quem haveria de ser assim sádico

Para efetuar esta autópsia

Apenas um perturbado ou lunático

Em um vivo faz necropsia

Tanto sangue não me sai da vista

E ouço o barulho forte,

O jaleco branco do médico legista

Com a mão no serrote!

Cada órgão do meu corpo analisado

Desde os olhos ao dente torto,

Agora sei por que eu fora sepultado

Há dias estava mesmo morto!

rodrigokurita
Enviado por rodrigokurita em 07/03/2020
Código do texto: T6882526
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