171 - Cento e Setenta e Um
A recepção na residência do Embaixador da Holanda estava muito concorrida. Gente conhecida, ilustre e menos notável circulava entre grupos, dizia banalidades com um copo de bebida na mão. Passava das 20 horas quando os empregados, fardados de branco, começaram a servir salgadinhos e pequenas doses de outros mimos gastronómicos. Com muita fome, eu prestava atenção à conversa cultural de uma velha dama e já em vão deixara passar três bandejas sem poder tirar nada para comer. A próxima não me escapa, pensei. E o “garçon” passou de novo. Joguei a mão ao que de mais volumoso vinha entre as iguarias. E…decepcionado e faminto, vi que tinha na mão couve-flor crua. Não seria de bom tom comê-la nem abandoná-la. Foi terrível até poder chegar perto de um reposteiro do Salão e jogá-la ali. Senti que construía o espanto de quem fosse fazer a limpeza no dia seguinte.