Bloco de Carnaval
Era carnaval na pequena cidade de Eliziário. Várias pessoas estavam reunidas na concentração do Bloco do Arraia. Homens e mulheres fantasiados, uns com máscaras, outros com abadá. Crianças correndo, jogando espumas nas pessoas. Um folião dançava fantasiado de Homem-Aranha.
O que chamou a atenção de todos no bloco foi a fantasia assustadora, mas muito bem feita de um homem. Ele usava uma máscara de caveira, camisa preta, calça camuflada, botas e nas mãos levava uma serra elétrica. Várias pessoas pediram pra tirar fotos junto com ele, devido à fantasia realista. Aquela serra elétrica parecia ser mesmo de verdade. Ele não dizia uma só palavra, apenas ficava parado posando para as fotos.
Um homem se aproximou dele com uma lata de cerveja fechada dizendo:
— Fantasia bacana, é a melhor do bloco. Toma uma cerveja, é por minha conta.
O homem fantasiado não disse nada, apenas balançou a cabeça negando.
Enfim o bloco saiu andando. Os músicos começaram a tocar os instrumentos de percussão. Eles cantavam marchinhas de carnaval. As pessoas iam sambando, jogando serpentinas e confetes para o alto. Todos muito animados dançando e cantando pelas ruas de paralelepípedo da pequena cidade.
O homem com a serra elétrica não dançava nem cantava, apenas acompanhava o bloco dando curtos passos.
O bloco chegou no ponto que ficava em frente a praça do centro da cidade. Na praça havia um palco tocando músicas de axé típicas de carnaval, pessoas tomando cerveja, casais se beijando ardentemente. O som do bloco competia com o som do palco, mas ninguém ligava, todos dançavam cantando as músicas.
De repente, em meio a toda aquela música, um barulho chamou a atenção de todos. Era o barulho de um motor, vindo do meio do bloco. Todos olharam para trás, para ver o que era. O homem com a máscara de caveira tinha ligado sua serra elétrica.
Num primeiro momento várias pessoas pensaram: “que fantasia fantástica, até a serra elétrica faz barulho como se fosse de verdade”, mas em seguida todos entraram em pânico ao ver que aquela moto serra era real e o que o homem pretendia fazer.
O homem da serra elétrica começou atacando um jovem que estava de frente para ele, cortando-o na região do abdômen. O sangue jorrou pelo corte e em seguida as tripas saíram pelo buraco. Após cortar o jovem, que agora estava caído no chão, ele atacou uma mulher na altura do pescoço. O corte foi tão profundo que ela caiu decapitada. Em seguida avançou com a serra elétrica sobre um senhor cortando seu braço direito.
Todos no bloco começaram a gritar e a correr. O homem fantasiado correu atrás das pessoas, o motor zumbindo, conseguindo atacar mais vítimas. Foi uma cena insana, várias pessoas caídas no chão ensangüentadas, umas gemendo de dor, outras desacordadas, outras já mortas. E o maníaco continuava a atacar, causando pânico em todos que ali estavam.
A movimentação chamou a atenção dos policiais, que ao chegarem ao local viram o massacre. Era preciso deter aquele homem. Ele estava armado, era perigoso, seria preciso atirar contra ele. Mas como atirar num local como aquele? A rua e a praça estavam tomadas de pessoas, qualquer disparo errado atingiria um cidadão.
O policial pegou sua arma na cintura, e foi se aproximando do homem que continuava a ferir pessoas com sua serra elétrica. Ao chegar numa distancia segura o sargento da policia efetuou quatro disparos, que atingiram o assassino, jogando-o no chão, sem vida. Ao seu lado a serra elétrica ainda zumbia ligada, pulando.
Nesse momento o som do palco foi desligado. Ninguém mais queria dançar. Era só choro e desespero. Logo as ambulâncias chegaram para socorrer as vítimas. Os curiosos continuavam no local, vendo toda a movimentação.
Naquele ano não houve mais carnaval na pequena cidade de Eliziário. Todos estavam de luto. Durante um longo tempo aquele assunto foi lembrado, o maníaco que causou aquele desastre com uma serra elétrica.
FIM