A Besta do Diabo
Era o Zoológico mais visitado do estado graças a besta que na gaiola 666 habitava. Alguns o chamavam de Escravo do Diabo, outros de apenas diabo e as mentes criativas inventavam-lhe nomes que levavam qualquer um a querer ir ver o animal. Não era permitido fotografa-lo, portanto, só o via pessoalmente. A origem desconhecida do animal levou vários cientistas a intangível por não conseguirem sequer distinguir os órgãos do animal. Era como brinquedo de um arquiteto da tortura.
Com suas apendiculares retorcidas, olhos disseminados, vermelhos e entristecidos, o animal de quatro pernas aparentava ter asas que não passavam de suas escapulas viradas ao avesso. Seus três metros e meio de altura poderiam chegar aos quatro se por algum acaso ele retomasse a postura. O peito da besta era rasgado e de dentro saia o seu crânio onde a boca tomava-te metade da face. Os braços desproporcionais e retorcidos arrastavam-se ao chão carregando as garras de suas mãos apodrecidas e enrugadas.
Por fora da gaiola os visitantes se divertiam com as pedras a disposição para jogar na Besta do Diabo. As crianças com sorrisos no rosto miravam-lhe os olhos como em um jogo de dardos e apostavam seus doces na brincadeira. Eu, como zelador e cuidador dos animais do Zoológico observava de longe aquelas.
Ao finalizar de um dia lotado de pessoas desalmadas fui realizar o meu trabalho rotineiro de sempre, varrer as gaiolas. Aquelas diversas pedras que perfuravam os seus pés era o menos horrendo que se podia observar. Ao sair, Deixei meio entreaberto o grande portão de ferro, peguei meu carro e segui para minha casa.
Dia seguinte recebi a noticia de que diversas pessoas haviam sido dilaceradas pela Besta que depois do massacre bateu suas escapulas e voou céu afora. Na gaiola, sem pernas ou braços se encontrava vários corpos com suas cabeças decapitadas e olhos saltados da face.