O monstro

Em meio àquela escuridão eu me sentia limpo, límpido de todos os males ocultos... Ecluso em mim mesmo.

Da torre mais elevada, observara eu um tênue furor em meio aos astros daquele escuro céu... Às lembranças que se dissipavam perante meus esquálidos olhos; Um temor pelo desconhecido que curiosamente me dominara ao comtemplar naquela noite a lua mais magnética... Mas por que?!

Pois antes mesmo até de perder-me pelo Amor que eu tivera um dia, Minh ‘alma já perdida neste abismo de introspecções, jamais senti-me tão atraído quanto agora. E quando me vejo vagando pelos aposentos deste decrépito e tenebroso castelo a luz dos castiçais, sem me lembrar como cheguei ali ás vezes, como num transe, é possível sentir como se me observassem entre as frestas das paredes, entre os musgos úmidos da chuva torrencial que agora desnuda a escuridão com a luz de intensos relâmpagos que se disseminava em todos os aposentos; entrando pelas vidraças das janelas e frestas do teto já gastas e decrépitas com o vento apagando alguns castiçais e oscilando o véu das cortinas. Me assusto com sombras que parecem bruxulear de uma forma exótica no grande salão onde eu agora me residia: A luz dos relâmpagos parecia se ampliar quando batia num lustre que pendia empoeirado, mas que fazia a claridade dos raios se expandir por todo o salão. Até que um reflexo em particular me chamou a atenção: Na parede ao lado de uma dessas janelas, que no intervalo entre uma e outra haviam pinturas das mais diversas, algumas de minha amada agora falecida, dentre estas, pendurava-se uma forma ovalada que para mim era desconhecida, e na mesma havia uma inquietação em seu interior, no qual parecia ser um tipo de abertura da parede. Um buraco, talvez?!

Olhei e fiquei em estado de estupor!... Até que consegui me aproximar. Do outro lado havia uma criatura. Era uma criatura desenhada em detalhes, parecia viva! na verdade eu pensei: Olhos negros como a noite mais escura, pêlos longos pelo rosto inteiro.... Um par de orelhas que despontavam dos lados e presas que se sobressaiam dentre os lábios rubros... mas parecia estar viva dentro daquela armação!! Aquilo parecia inebriar minha curiosidade que naquele momento...

foi quando um clarão seguido de grande estrondo do trovão caiu sobre o castelo, como se para despertar-me daquele deslumbre onírico de curiosidade e me fazendo compreender o espelho que se encontrava em minha frente...

H Mastroiany
Enviado por H Mastroiany em 16/02/2020
Reeditado em 08/02/2022
Código do texto: T6867725
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