O caso de John Eliot
Sabia que me encontrava deitado, mas sem sentir qualquer planície sob meu corpo. Num estado de semi-inconsciência ouço sussurros distantes e o som de algo metálico deslizando suavemente até bater em algo com certa violência (abro os olhos ainda a tempo de ver o feixe de luz vertical da porta que se fechava a minha direita).
Demorou um pouco até eu me habituar à escuridão que dominava o lugar. Meu corpo ainda saindo de um estado de dormência... E me assombro ao constatar, tateando cuidadosamente, que me encontrava completamente sem roupas. Levanto-me, e me sento no que parecia ser uma cumprida mesa retangular. Vejo em minha frente, em meio à escuridão, um caminho formado por minúsculos pontos de luzes no piso, em direção à porta fechada, pensei eu. Iniciei uma tentativa à porta. Com as mãos nas bordas redondas da mesa que parecia ser metálica não consegui tocar algo sólido com os pés. Agora com mais cuidado investi novamente na decida e me firmo num piso frio que parecia ser formado por pequenas esferas em alto-relevo. Assim que meus pés tocam o piso acendem-se outras pequenas luzes em fileiras que destacavam um teto em forma de abóbada que ajudava um pouco a minha visão que aos poucos se acostumava aquele lugar que para mim era desconhecido. A mesa onde eu me encontrava era bem mais alta que o normal, notei, chegando até a altura do meu peito. A escuridão era quase absoluta, não fossem os pequenos pontos que iam da mesa que despertei até onde eu havia visto àquela porta fechando e a parca luz irradiada do teto esférico.
Ando lentamente com os braços a frente do corpo, seguindo os pontos brilhantes do piso. Tropeço em algo e caio pesadamente no chão gélido. E noto que tropecei no tecido de minhas roupas; calça, cueca, camisa... Tudo em silhuetas disformes, próximo as luzes que as iluminavam parcialmente. Visto-as. Não encontrando os sapatos (e extremamente confuso para isso), sigo em direção as pequenas esferas brilhantes, com as mãos esticadas em frente ao corpo, até onde eu achava ser aporta.
Eu, ainda atônito, me surpreendo com a réstia de luz da porta que, com algum tipo de célula-foto-elétrica, agora abri-se lentamente, entrando numa abertura da própria parede, como um portão de trilhos, e emitindo um som de ar sendo liberado. Espantado, dou dois passos atrás, protegendo os olhos com o braço esquerdo da intensa claridade que se infiltrava no local...
Após ter-me habituado àquele brilho, que agora enfraquecia consideravelmente, e já com a porta aberta por completo, veio-me a reminiscente imagem de prisioneiros reclusos em celas escuras das conhecidas “solitárias” por vários dias com água e comida escassas por alguma “travessura” realizada no banheiro ou na própria cela, testando até aonde vai a “ética” e a valentia dos novatos. Mas isso me veio rapidamente, pois agora eu via em minha frente, a altura dos olhos, um semi-globo que se sobressaia de uma parede de aspecto orgânico e assustador. O semi-globo, que antes irradiava aquele intenso brilho, e que agora vagarosamente voltava a sua cor Cristalizada, parecia ainda conter-se num pequeno brilho pulsante e interno, irradiando uma claridade suficientemente favorável à minha visão, que ainda doía um pouco.
Relutante me aproximo, entrando num compartimento de teto alto e estreito. Nesse setor só havia o semi-globo e nada mais. A parede fronteira, de onde este se projetava me deixou assustado e, ao mesmo tempo curioso, parecia ser composta por um organismo vivo. As paredes a minha direita e esquerda eram titânicas, firmes e espelhadas. Atrás de mim, a antiga sala parecia bem maior, mas ainda pouco iluminada para ver as dimensões e aparência, onde um cumprido retângulo de luz se estendia no piso até a mesa metálica onde eu acordei, lembrando um tapete surreal de luz que ia dali até o interior daquele aposento.
Volto a olhar e observo, por alguns instantes o brilho pulsante, tocando o globo com a ponta dos dedos, e retirando rapidamente, vislumbro por uma fração de segundos, a impressão de meus dedos, em pontos negros no globo, sumirem rapidamente.
Refleti muito antes de colocar a mão novamente. Mas antes, me prevenindo de alguma coisa, a qual eu não poderia prever, afastei-me um pouco atrás, sem sair da sala, até onde o extremo do meu braço podia alcançar o globo a minha frente e, esticando o braço a frente do corpo, coloque a mão direita por inteiro no globo. Subitamente a porta atrás de mim fecha-se com um estrondo ensurdecedor (por centímetros a porta não me esmaga o corpo). Aterrorizado, vejo minha camisa presa a porta. Com as duas mãos puxo-a, rasgando um pedaço, e senti, amedrontado, como se levitasse, e, logo após, como se atraído por uma estranha força, fui jogado de encontro à parede lateral, como se atraído por um grande ímã...
Tudo isso não passou de alguns segundos, e percebi que me encontrava num tipo de elevador que, neste mesmo momento, pára de repente. O globo, que até então permanecera estável, interrompe seu brilho deixando tudo na mais absoluta escuridão... Por dois segundos... até acender-se novamente, mas agora, num brilho rosado, passava para o vermelho-vivo... Azul-celeste... Verde, refletindo nas paredes daquela pequena sala... E retornando ao branco no momento em que a porta, com um sibilo de vapor, abre-se com brusca violência, deixando cair o pedaço de tecido vermelho que fora de minha camisa. Me recolho assustado como uma criança abaixo do semi-globo brilhante, indefeso do que poderia vir ao meu encalço.
O som da porta violentamente aberta ecoou como em uma caverna... Além da porta em minha frente a escuridão era predominante. O globo iluminando o cubículo do elevador e criava outro retângulo de luz que ia do piso do elevador e se estendia até bater em uma parede ao longe e dando a impressão que a luz transbordava daquela parede para o elevador num tapete de luz... levanto-me. A sombra do meu corpo no piso de uma forma surreal e bizarra. Fiquei observando aquele breu. Talvez esperando alguma coisa. Meu coração parecia querer romper-me o peito em batidas cada vez mais fortes. Até que ouço um som baixo e contínuo, um som de entonação muito aguda, como os que se reproduz ao circular com os dedos nas bordas de copos cristalinos. Até que de repente esse som (que estranhamente parecia vir de todas as partes) torna-se extremamente alto e penetrante, como se estivesse em meus tímpanos, em consequência uma agudíssima dor me invade a cabeça, pondo-me no chão do elevador, até perder os sentidos.
Nesse estado de inconsciência o que eu vi e ouvi era apenas uma sombra humana que falava comigo várias perguntas incomuns... uma sombra feminina acompanhada de uma voz tão familiar ainda que indefinível. Tive a impressão de ver... Ouvir... Ah, claro que não era ela... simplesmente não foi nada... Pelo menos era o que eu pensava até aquele momento, sem saber que aquilo talvez fosse só uma visão premonitória do que viria a mim tão precipitadamente.
Quando desperto, ainda dentro do elevador, deitado no chão mas com metade do meu corpo para fora dele e a outra metade inferior para dentro, com a porta do elevador aberta e prestes a me partir ao meio a qualquer momento comigo ainda desacordado caso viesse a ser acionada. Levanto-me o mais rápido que meu corpo agora meio fraco ainda pode. Atrás de mim, o elevador, e na minha frente um extenso corredor: provavelmente o mesmo de antes de eu desmaiar, já que o elevador não poderia se deslocar com o meu corpo sem me dilacerar no processo, mas agora iluminado completamente, de cumprimento e largura grandes, com paredes cor de cobre, que abria-se em sua extremidade numa grande sala. As paredes do corredor eram marcadas em linhas horizontais em baixo-relevo de onde emanava uma luz branca sob uma outra linha de inscrições também brilhantes até a grande sala. Eu me perguntava muitas coisas naquele momento e foi quando senti gosto de sangue e notei, ao limpar a boca com as costas da mão direita, que era meu nariz que sangrava. Talvez tenha eu batido com o rosto muito forte no chão, ao cair... Nunca havia ocorrido nada parecido comigo! Eu não sabia onde estava, ou se tudo aquilo era real. E, mesmo em estado de confusão, caminho pelo corredor, fascinado, com um olhar circunspecto e medroso de um explorador, mas ao mesmo tempo com o interesse de um cientista (ou será turista?), olhando sempre para todos os lados, como um louco apreensivo a qualquer ameaça.
Demorou bem mais que eu imaginava até aquele corredor largo mas curiosamente claustrofóbico chegar ao fim chegando a grande sala, de paredes e teto exoticamente arredondados; Eu me encontrava em um grande aposento esférico, no que parecia um grande planetário de escritas e símbolos completamente estranhos ao meu conhecimento. Fixo o olhar numa estranha coluna de aspecto metálico, grande e espelhada, no centro da grande sala redonda, como se fosse uma coluna de sustentação que ia do piso central até o teto também arredondado.
O pilar cilíndrico, espelhado por completo, refletia todas as inscrições e símbolos das paredes em volta, exceto a minha imagem. Até aquele momento não sei como havia passado despercebida a ausência de minha imagem que, verificando mais de perto, percebi não reproduzir a mínima macula em seu reflexo. Era como se meu corpo físico não estivesse ali de fato. Fiquei mais assustado ainda, e, mantendo certa distância, entre a coluna e a parede daquele exótico lugar, circundo o misterioso pilar e noto certa e distinta agitação ao meu lado direito. Existia, entre a paredes e seus símbolos exóticos, um estranho movimento. Olho nervosamente em direção à parede mas sem notar nada de estranho, além dos códigos, quando, ao retomar a visão ao pilar espelhado vislumbro, por fragmento de segundos, dois pontos escuros na parede, fixos a me observar em meio às inscrições.
Num raciocínio simultâneo a ação, volto o olhar, desnorteado, para a parede em questão, não vendo nada que pudesse se assemelhar àqueles olhos. Desorientado, retorno a observar o reflexo do pilar, que me denunciou, por um vislumbre mínimo, aqueles olhos negros que se fecharam e sumiram juntamente com a forma de um rosto oblongo que submergira na sólida parede como se fosse um fantasma ou algo imaterial.
Por algum tempo (não sei ao certo quanto) permaneci em estado de inércia. Meu coração, que parecia querer arrebentar minha caixa-torácica, batia energicamente. Olhando freneticamente em todas as direções, bestificado com o que ocorria, saí em disparada pelo corredor. Minhas pernas tremiam, e quanto mais eu corria parecia não surtir efeito algum na distância. Passando pelo corredor e, ainda em cólera, sempre virando a cabeça sobre o ombro e olhando para trás... O corredor parecia interminável, mas eu corria, e corria. À minha frente eu via o elevador, o globo brilhante dentro. As inscrições das paredes embaçadas na minha visão periférica passando rapidamente...
No nervosismo ao olhar para trás acabei tropeçando no meu próprio tornozelo, eu acho, caindo e batendo com a testa no piso em frente ao elevado. A dor foi intensa.
Antes de perder a consciência ainda pude ouvir um dialeto similar aos de quando eu despertei, na sala escura... Passos que agora, juntamente com as vozes e a minha consciência, ficavam cada vez mais longes, distantes.
Quando despertei, foi num salão de paredes brancas sem portas, as paredes, teto e piso pareciam transparentes mas com algum tipo de fonte de luz atrás delas em toda parte. Parecia haver luz por toda parte, mas eu não sabia de onde vinha... Não havia sangue em mim nem dor na testa, onde eu tinha batido no chão. Até que, enquanto eu verificava isso, em uma das paredes ao meu lado esquerdo abri-se um grande espiral em sentido crescente e sai dele o que eu jamais preveria: Alicia, minha ex-namorada de uns 2 anos atrás talvez, só que agora mais deslumbrante que nunca: Ela usava um vestido vermelho colado ao corpo, um decote no busto e outro na base da cintura até embaixo, deixando a mostra suas invejáveis pernas (e que pernas!! Eu recordo) que terminavam em um par de sapatos também vermelhos que ela tanto adorava, mas que eu lembrava que foi uma das únicas coisas que ela esqueceu de levar quando nos separamos. Desse jeito, naquela imensidão branca do salão, ainda mais impressionante era aquela visão. Aquilo não poderia ser real, ou mesmo tudo isso.
De um susto, sentado no chão do salão, rapidamente pus-me em pé e me afastei para trás, abismado.
--- Que porra é essa?! --- eu disse, atônito, e lembrei de quando desmaiei com aquele som agudo em meus tímpanos, no elevador, pensando que, em meus devaneios de consciência eu a tinha ouvido me perguntar, em meio as sombras, com aquela distante, mas ainda assim familiar voz coisa tão incomuns. Não era ilusão, e nem mesmo agora... Mas como?
--- Oi gatinho! Quanto tempo!
--- Como assim “oi”?! O que você faz aqui? E aonde é aqui? Você está envolvida nisso TUDO, Alicia?... --- Notei-a meio estranha. Não estava eu em condições de avaliá-la, tudo era muito confuso para mim. Ela veio até mim que já me encontrava junto à parede. Parecia estar drogada, meio grogue. Peguei-a pelo pulso e puxei-a pela grande abertura na parede, que dava num extenso corredor em forma de tubo que fazia curva para a direita. Corri com ela atrás de mim, segurando-a pelo pulso. Os sapatos dela fazendo um som característico atrás de mim quando tocavam o chão.
Após várias curvas sem saber para onde estava indo, segui desorientadamente. Enquanto corríamos entre os corredores, eu fazia perguntas a Alicia, mas em nada eu obtinha respostas. O som dos sapatos já não existiam mais, pois se perderam no caminho até que, em certo ponto, diviso ao longe um semi-globo dentro de uma pequena sala. A odiada, mas ainda assim bendita sala. Não havia mais para onde ir. Corro até a sala puxando Alicia pelo braço comigo. Chegando lá, noto vários e pequenos símbolos, aparecendo e sumindo alternadamente por todo o globo que sobressaia agora de uma parede que parecia de uma pele moribunda e doente de um verde mórbido, Quando virei-me para falar com Alicia e vi que segurava no braço da criatura que, aos poucos, se transmutava em sua real imagem e estatura; A pele branca de Alicia agora se desfazia, escura, os cabelos caindo e revelando a horrenda criatura atrás daquela pele que se derretia. alta, mas que ainda conservava o rosto, agora deformado, de Alicia, como uma máscara de cera que se deformava gradualmente. Ao mesmo instante em que olho em seu “rosto” (e para isso eu tinha de olhar uns 80 cm acima) “ela” (Aquela coisa) põe sua mão gelada e grande com dedos delgados em meu rosto. Após isso não vejo mais nada.
Acordei ouvindo um som agudo e sibilante, como o de uma pequena broca odontológica, que zunia acima do meu peito. Sentindo uma forte luz sobre minhas pálpebras, impossibilitando-me de abrir os olhos, passei algum tempo escutando aquele perturbador zunir que me desesperava, já que eu não sentia o meu corpo. Depois notei que também não podia me mover. Vagamente fui abrindo os olhos, mas sem divisar nada além da luz, quando, por algum motivo que eu não sei, esta luz se desloca para outro ponto, como por algum tipo de braço mecânico. Agora, com os olhos ardendo e a vista um pouco embaçada devido à luz, mas discernindo a forma de alguém se curvando sobre meu corpo, não podendo me mexer, quando, para a minha surpresa, uma espécie de máscara é retirada do meu rosto, revelando-me uma criatura ainda mais horrenda que em qualquer pesadelo: extremamente alta magra e de pele cinzenta que, enquanto remexia abaixo do meu queixo, olhava-me analiticamente com seus olhos estreitos e negros, a espera de uma reação minha. Não pude me mover... gritar me era fisicamente impossível. Logo em seguida, acima de minha cabeça surge outro ser semelhante ao primeiro; sim! Eram aqueles olhos que me observavam na sala redonda, pelo reflexo do pilar, com seu rosto oval e uma fina boca sob um nariz pequeníssimo expondo apenas dois orifícios que se dilatavam ritmadamente. O peito imitando o de um homem comum, só que numa versão raquítica, pulsava visivelmente no centro. Eu só podia olhar, até que, segurando um tipo de máscara, com seus braços finos e dedos longos, a coloca novamente sobre meu rosto. E eu ainda conseguia ver, porém disformemente quando, com algum tipo de viseira, minha visão foi bloqueada, deixando-me no mais completo breu. Um dialeto estranhíssimo foi dito entre eles, até que ouço mais vozes, uma delas muito gutural... Depois disso só me recordo do que me pareceu ser uma grande descarga elétrica.
Relato de John Eliot
Ouvinte: Dr. Goldman
23/12/2007
Antes de tudo quero dizer que não sei como vim parar neste lugar... Eu pelo menos não me recordo.
Meu nome é John Eliot, moro (ou pelo menos morava) num apartamento próximo a praia. Morei lá por cinco anos, sendo que, nos primeiros dois anos, passei com minha namorada Alícia e, por motivos que são desnecessários falar, desde então nos últimos três anos morei sozinho.
Sou fotógrafo-jornalista de uma revista, tenho 32 anos e não sofro de nem um distúrbio mental, caso você tenha suposto.
Hoje me encontro no Hospital psíquico de Stª Fé, e, vez por outra, em minha sala acolchoada, eles me deixam escrever à minha mãe com um lápis de cera preto, num papel reciclado de folhas soltas, (eles não querem que nada perfuro-cortante possa ser deixado conosco, dos quartos acolchoados). Minha mãe, que vem me fazer visita a cada 2 meses, nunca toca no assunto do motivo de minha estada aqui: E quando inicio perguntas sobre isso ela começa a chorar, pedindo que eu pare. A sala que conversamos eu e minha mãe, dividida ao meio por um vidro transparente onde ficamos um de cada lado, é totalmente branca, exceto por um pontinho escuro do lado dela; uma pequena câmera que nos monitora sempre. Na sala há também dois telefones, acoplados um de cada lado da sala, pois não pode haver contato entre nós daqui e os visitantes: As conversas são gravadas por algum tipo de grampo no telefone (isso eu descobri com o tempo). Há também na sala duas portas, uma de cada metade da sala; a que eu entro, guiado por um médico que tranca a porta de metal pelo lado de fora, e a das visitas, que entra pela outra metade da sala.
Na maior parte do tempo, todos nós das salas acolchoadas ficamos sedados de uma seringa que eles nos dão a força. A recreação é um tédio: Uma sala grande de paredes Cor de cobre com duas tv’s grandes que só mostram desenhos antigos em preto e branco. Várias cadeiras e mesas parafusadas ao chão... Teto alto de vidro reforçado, e uma súcia de retardados mentais hipnotizados ou andarilhos dispersos e seus monólogos imaginários.
Na maior parte das vezes fico aqui em minha sala acolchoada. Sedado. Só eu e a câmera que fica no ponto mais alto do teto... O silêncio... E depois de aguçar bem os ouvidos, o som rítmico e pulsante do meu coração... Paro e escrevo isto.
Aqui eu não tenho um nome, só o nº57. E depois de três anos aqui, em vão ainda insisto em dizer que não sou louco, que dentre todos eu sou o mais lúcido... mas agora já não estou mais tão certo disso.