VERMES
São os operários de nossas ruínas
Esperam ocultos pelos pós
Decompondo as carcaças suínas,
Igualmente a todos nós!
E nas suas dores de barriga,
Alimentam-se das proteínas vitais
Conhecida como a lombriga
Habitando esses vasos intestinais
Pelas terras escavam suas galerias,
No solo aberto em umidade,
Passeiam também nas lápides frias
E consomem nossa identidade
Estão vagando entre essas carcaças,
Junto aos restos putrefatos,
Juntam-se aos montes como traças
Proliferando-se como ratos
Modificam-se em cada metamorfose
Causando no organismo todo parasitismo
Barriga d’água da esquistossomose
Propagando a mortandade do raquitismo
Seres sujos que rastejam pelo chão
Faminto pela avidez em tudo decompor
Necrófagos que causam a destruição
Quando vivos mostram seu real horror!