O BOLINHO DE CARNE
[A maldade humana tem apenas uma motivação: a busca insana pela superioridade].
Desde noviça minha mente,
Não era preparada para a beatitude,
Havia algo de tão demente,
Nesta minha mocidade e juventude
Casei-me bem cedo e doravante,
Desposei um funcionário do cartório,
Ao ir consultar uma cartomante
Disse-Me:- Terás desgraça no casório!
Teus filhos morrerão prematuros
Não haverão de verem d’um novo dia,
São as profecias dos anos futuros
Que lhe trarão sofrimento com agonia!
Benza-me Deus, então me valha,
Sacrificar vidas humanas para proteção
Do unigênito no front de batalha,
E livrai-o do padre e da extrema-unção!
A primeira vítima será Faustina,
Com uma taça de vinho envenenada,
Depois uma dose desta morfina
E não escutará o som da machadada!
Com o sangue farei bolinhos
Que serão servidos para a boa gente
Sejam clientes ou os vizinhos
Sem desconfiança da alma inocente!
Depois ouvi certos elogios
Saborosos são esses vossos quitutes
Até mesmo alguns arredios
Amaram com suas tímidas atitudes!
Depois de um tempo Clementina
Seria outra refém desta infame caçada,
Ela viera trabalhar n’uma faxina,
Mas debateu-se morta pela machadada!
Pelo que poderia me lembrar
O corpo foi servido como um guisado
Após o termino do esquartejar
Seu sangue servido no vinho adoçado!
E minha desgraça teve fim,
Ao saberem deste desaparecimento,
Os policiais vieram a mim,
E então vasculharam o apartamento
Encontraram provas irrefutáveis,
Não haveria como eu provar a inocência,
Por estas atitudes tão deploráveis,
Condenada ao hospício pela demência!
OBS: Este conto é baseado nos homicídios de autoria da ré Leonarda Cianciulli