O DEFUNTO

Cavo com as mãos essas extremidades,

Levantando a tampa de meu podre caixão,

Renascido pelas malditas mortandades,

Voltei para comemorar minha ressurreição

Por longos anos passei estive sepultado,

Ouvindo os vermes devorarem meu intestino

Lúcido observando tudo assim acordado,

Amaldiçoando toda noite este maligno destino

Dias e noites em uma longa penitência,

Sem saber o que mais adiante eu esperaria,

Desejei com essa terrível maledicência,

Quanto tempo no túmulo ainda apodreceria

Baratas rastejando sob meus maxilares

Enquanto as bactérias cresciam na pele morta

Dissolvendo todas as juntas musculares

Só para contorcerem essa mandíbula tão torta

Ouço o dobrar dos sinos neste funeral

Mas o perfume das flores oculta minha visão,

Estou eu perdido por este plano astral

Acreditando que me levantaria deste caixão?

Pés amarelado por toda a umidade,

Da terra que pesava sobre meu corpo inerte,

Era o peso sinistro desta fatalidade

Antes que a alma no inferno então desperte!

rodrigokurita
Enviado por rodrigokurita em 04/02/2020
Código do texto: T6858188
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