A DAMA DE BRANCO
Dirigia solitário meu caminhão,
Quando avistei aquela tétrica figura,
Sozinha em sua própria solidão
Daquela madrugada fria e tão escura
Perguntou-me se então poderia,
Dar uma carona até a cidade vizinha,
Na noite fúnebre eu redarguiria,
- Não seria bom andar assim sozinha
Abri a porta e disse: - Sente-se no banco
- Poderá alguns minutos descansar
Ela estava envolta n’um vestido branco!
Como se estivesse pronta a casar!
Continue então meu trajeto anterior,
A jovem se mantinha cabisbaixa e calada
Parecia sofrer algum intimo dissabor,
Tal qual fosse uma mulher amaldiçoada!
Acendi enfim, um cigarro de tabaco,
A jovem agradecia por este sincero apreço
Repliquei: - Ponha este meu casaco,
Depois ela me disse: Eis aqui meu endereço
-Devolverei seu casaco de amanhã,
Se por acaso passar percorrer essa cidade
Poderá tomar um chá com hortelã,
E assim agradecerei pela sua hospitalidade
Ao amanhecer de um novo dia,
Fui diretamente a casa e bati nesta a porta,
E para minha descrença e ironia,
Sua genitora respondeu: Há anos jaz morta!