CABEÇAS NA PAREDE
Digam-me! O que faço por aqui?
Lembro-me agora a tarde bem a pouco
Da minha moradia simples sai,
Agora estou neste hospício feito louco!
Esta noite vi estas cabeças aparecerem
Rangendo como os chocalhos
Sobrevoam-me e depois desaparecem
Nas paredes, tetos e assoalhos!
E estas cabeças estão me ditando,
Passando-me uma mensagem do além,
Com o olhar fixo vou observando,
Só eu posso ouvi-las e mais ninguém!
As paredes parecem estar afundando
Comprimindo a minha cabeça,
Vejo certos vultos negros flutuando,
Ordenando que eu as obedeça!
Não estou mais sozinho nessa hora
Estou cercado pela escuridão,
Aproxima-se a tarde e não demora,
Comigo está senão a solidão!
Desde o escurecer até de manhã
As cabeças tentam senão me confortar
Dizem serem enviados por Satã
E pedem para que eu volte a assassinar
Dizem que já se passara um ano,
Que falo das cabeças nas paredes frias
Considerando-me ainda insano,
E ainda duvidam das minhas fantasias!