O VISITANTE
Observo um velho na janela,
Escondido por detrás das sombras,
Ofereço-lhe o clarão da vela,
Venha e descanse nestas alfombras!
Aqueça o corpo apenas um momento
Diante das chamas na lareira,
Sinto naquele olhar certo sofrimento
Reacendido diante da fogueira
A face descolorida em alvura,
Esconderia algum segredo escabroso?
Um olhar mortiço de brancura
Tornava-o um ente assim misterioso!
Nunca me haviam acolhido,
Sua voz entrecortada então me dizia,
Pela gentileza fico agradecido
Com um misto de angústia e alegria!
Para você sou um desconhecido
Mas permita-me que eu me apresente,
Sou o senhor idoso e esquecido
Jamais ousaria ser tão inconveniente!
Chamo-me pela alcunha Damião,
Passei muitos anos felizes neste lugar
Vivi anos felizes neste casarão,
E agora você poderá de tudo desfrutar
Então lhe agradeço pela sua cortesia
Com sua permissão agora deixarei-o em paz
Sumira rápido o velho com a simpatia
E descobri que ele morrera a um ano atrás!